Mais tempo em casa, mais tempo de olhos nas telas de smartphones, tablets e computadores. Assim tem sido a quarentena de muitas crianças durante a pandemia. A educação à distância deixa isso ainda mais evidente, já que é a única maneira encontrada para ministrar os conteúdos como se estivessem juntos em sala. Mas é quando a aula acaba, que a preocupação começa.

Segundo a doutora em Educação e coordenadora dos cursos de Comunicação do Centro Universitário IBMR, Jacqueline Sobral, quando os filhos estão sozinhos diante das telas, é como deixá-los livres em um imenso parque de diversões, que também oferecem perigos, e a falta de diálogo dos pais com os pequenos é um agravante.

“O que aparece, em diversos estudos, é que os pais não fazem isso por às vezes terem consciência que os filhos entendem mais de tecnologia do que eles, e esse é o momento de reverter um pouco inclusive esse papel de autoridade e se colocarem como aprendizes dos filhos, por que não? É preciso que a gente inicie o diálogo”, orienta.

Jacqueline Sobral em entrevista no Tom Maior de terça-feira (30) (Foto: SagresTV)

Pesquisas apontam que ficar muito tempo no celular, por exemplo, pode causar problemas futuros de postura, além de déficit de atenção, atrasos cognitivos, dificuldades de aprendizagem, impulsividade e problemas em lidar com sentimentos como a raiva. Segundo Jacqueline Sobral, além de todos estes problemas, tem ainda a falta de atenção do pais para com os conteúdos que as crianças acessam.

“A questão não é apenas o tempo em que as crianças ficam diante da tela, mas principalmente que tido de conteúdo elas estão acessando quando estão no smartphone, no tablet e no computador. Tem várias pesquisas, inclusive a minha que mostra que a criança fica muito tempo sem a supervisão do adulto”, argumenta.

Para a doutora em Educação, a comunicação constante entre pais e filhos nesse período de isolamento social e de aumento do tempo diante das telas é fundamental.

“Mediação familiar é crucial, principalmente em termos de valores. Neste momento os pais estão em ‘modo desespero’ em casa, olhando aquela quantidade de dever de casa”, afirma. “A grande questão é o diálogo, de fato. Nesse momento, o uso das telas eletrônicas não pode ser o grande vilão, porque as telas em si não são o problema. Se no passado os pais usavam a televisão como um instrumento de diálogo, todo mundo se reunia na frente da televisão, hoje cada um tem a sua tela, mas isso não significa que esse diálogo não pode acontecer”, conclui.

Assista à entrevista a seguir, no Tom Maior #47