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O desabastecimento e o aumento abusivo de preços dos equipamentos de proteção individual (EPIs) preocupam a diretoria-geral do Hospital de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo),gerido pela organização social (OS) Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS). Segundo a diretora-geral da unidade, Dulce Xavier, máscaras, capotes, luvas, além de álcool em gel apresentam alteração dos valores cobrados anteriormente por parte dos fornecedores, antes da pandemia do novo coronavírus. “A gente está encontrando ela no mercado na faixa de R$ 28 a R$ 35, cada uma das máscaras. Isso hoje começa a criar alguns tipos de inviabilidade”, relata.
Só em relação à máscara cirúrgica, o Hugo consome entre 1,2, mil e 1,4 mil unidades por dia. Em situações normais, ou seja, antes do anúncio da pandemia da covid-19, o hospital adquiria aproximadamente 30 mil máscaras. Segundo Dulce Xavier, desse montante, um dos fornecedores conseguiu entregar apenas 1 mil, de um pedido feito em fevereiro. Outras 11 mil foram adquiridas em caráter emergencial.
A diretora-geral afirma que o hospital possui equipamentos suficientes neste momento, mas se preocupa com os próximos dias, em que o estoque de segurança dos EPIs pode ser afetado. “A gente tem até o final da próxima semana uma necessidade de estar conseguindo encontrar todos os fornecedores para estes itens e que eles estejam um pouco mais adequados nos valores das precificações”, argumenta. “Hoje tenho um estoque que me garante até semana que vem, sem nenhum risco de prejuízo ao atendimento”, complementa.
Outro exemplo de aumento abusivo dos preços são as máscaras descartáveis que antes compradas por 0,08 centavos, e agora estão sendo vendidas por R$ 2,20, o que corresponde a aumento de 2.650%.
A diretora-geral do Hugo, Dulce Xavier, explica que comunicou a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) sobre essa preocupação do hospital. “Solicitamos providências e orientações no sentido de acionar as autoridades competentes para coibir esse abuso e até buscar alternativas para suprir essa demanda imediata”, frisou.
Simego
O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) afirma que tem recebido diversas denúncias de médicos que atuam na rede de urgência do Sistema Único de Saúde (SUS) relatando a falta de estrutura e EPIs. Os profissionais informam que, em algumas unidades, a falta de itens como máscaras, luvas, toucas e avental de proteção está dificultando o atendimento de casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus.
De acordo com relato de profissionais que atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma (Siate) – ambos serviços de resgate pré hospitalar que atendem os casos de suspeita em domicílio e transporte dos pacientes com Covid19 – o material de EPI recebido não condiz com os protocolos do Ministério da Saúde.
A presidente do Simego, Franscine Leão, diz que a situação é inaceitável. “Neste momento, em que os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, biomédicos) estão na linha de frente, se expondo e expondo suas famílias ao risco de contágio, o mínimo que podemos esperar é que os gestores forneçam condições de trabalho com segurança para esses profissionais. Estamos em constante fiscalização e vamos exigir da administração pública a reposição imediata dos EPIs”.
Resposta da SES-GO
Por meio de nota, a SES-GO esclarece que está em contato com a diretoria do Hugo. A Pasta afirma que “monitora o estoque de equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras, capotes, luvas, além de álcool em gel, não só desta unidade, mas também de todas as outras da rede estadual de saúde” e que “está tomando providências para que não falte nenhum tipo de proteção para os profissionais da saúde”.
Ainda segundo a SES-GO, no dia 16 deste mês (março) foi enviado ofício para o Procon-GO (Ofício nº 2968/2020 ) e também para a Secretaria de Estado da Economia (Ofício nº 2969/2020), “a fim de que o comércio não utilize da atual situação de pandemia da Covid-19 para obter vantagens de forma inapropriada para extorquir o consumidor e que medidas cabíveis sejam tomadas, para que ocorra a devida fiscalização nos referidos estabelecimentos, no que tange ao fato mencionado”.
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