ANA PAULA BRANCO / SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar caía frente ao real logo após a abertura desta quinta-feira (9), em linha com movimento internacional e refletindo expectativas de que as tensões entre o governo brasileiro e o Banco Central esfriem nos próximos dias, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos.

Enquanto isso, investidores digeriam a leitura um pouco menor do que o esperado do IPCA de janeiro.

Às 9h14 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,19%, a R$ 5,1870 na venda.

Na B3, às 9h14 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,34%, a R$ 5,2020.

A Bolsa fechou em alta de 1,97%, aos 109.951 pontos, impulsionada pelas ações dos bancos, sobretudo do Itaú Unibanco. A notícia de que há ministros aconselhando Lula a baixar temperatura no confronto com o BC ajudou na alta.

“A proposta de derrubar a independência do Banco Central não tem força para passar com o Lira [presidente da Câmara] nem no Senado. Isso acabou ajudando Bolsa a impulsionar e não reverter todos os ganhos que teve no dia”, afirma Gabriel Meira especialista da Valor Investimentos.

Em geral, uma taxa Selic alta costuma beneficiar o real ao torná-lo mais atraente para uso em estratégias de investimento que buscam lucrar com diferenciais de juros entre economias. No entanto, quanto mais tempo os juros ficam elevados, mais eles tendem a prejudicar a atividade econômica do país, fator que também é levado em consideração por investidores estrangeiros na hora de montar suas carteiras.

Para Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, ainda há esperanças de ancoragem dos ativos brasileiros mesmo em meio à recente tensão entre governo e BC.

“Às vezes o investidor estrangeiro continua colocando dinheiro no Brasil porque vê esses movimentos [políticos] mais como ruídos e não como fatos. Enquanto isso seguir, vamos continuar vendo o estrangeiro segurando a performance tanto do real quanto do Ibovespa. Vamos depender muito disso para o dólar continuar brigando abaixo da casa de 5,30”, disse ela à Reuters.

Mas, “se em algum momento o ‘gringo’ começar a ver isso [críticas de Lula à independência do BC] como algo concreto, será muito mais prejudicial para nosso câmbio”, completou.

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