RENATO CARVALHO / SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar recuava moderadamente frente ao real logo após a abertura desta quarta-feira (8), acompanhando movimento externo e com investidores ajustando posições após disparada recente da moeda, embora críticas recorrentes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central mantivessem alguma cautela no mercado doméstico.

Às 9h12 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,29%, a R$ 5,1860 na venda.

Na B3, às 9h12 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,6%, a R$ 5,2020.

Na última sessão, o dólar fechou em alta de 0,51%, a R$ 5,2013 na venda, registrando o maior patamar desde 20 de janeiro (5,2086) e engatando um terceiro pregão consecutivo de ganhos, acumulando no período valorização de mais de 3%.

A Bolsa fechou em baixa e o dólar em alta nesta terça-feira, com os investidores atentos às tensões entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto.

O Ibovespa recuou 0,82%, fechando a 107.829 pontos. O índice já acumula queda de quase 4% em fevereiro. O dólar comercial fechou em alta de 0,46%, encostando no patamar de R$ 5,20, cotado a R$ 5,199. Nas últimas três sessões, a moeda se valorizou 3% frente ao real.

Os juros fecharam em queda nos vencimentos mais curtos, e com ligeira alta nos mais longos. Os contratos para 2024 recuaram de 13,80% no fechamento desta segunda-feira (6) para 13,68% ao ano. No vencimento em 2025, a taxa caiu de 13,22% para 13,15%. Para 2027, as taxas subiram de 13,09% para 13,19%.

Essa diminuição na diferença entre as taxas mais longas e curtas indica que as políticas defendidas principalmente pelo presidente Lula podem dificultar a tarefa do Banco Central de controlar a inflação e diminuir os juros, segundo analistas.

“[A independência] é muito importante por muitas diferentes razões. A principal razão, no caso da autonomia do Banco Central, é desconectar o ciclo de política monetária do ciclo político porque eles têm diferentes lentes e diferentes interesses”, afirmou Campos Neto em um evento em Miami, nos Estados Unidos.

Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou um tom mais conciliador, após a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.

“A ata do Copom veio melhor do que o comunicado. Uma ata mais extensa, mais analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. Uma ata mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados”, afirmou o ministro.

Por outro lado, Haddad sinalizou que haverá um reajuste de salário para os servidores públicos federais este ano.

Em Nova York, os índices fecharam em alta, após o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.

Segundo comentário do analista Michael Feroli, do JP Morgan, em entrevista à agência Bloomberg, o discurso de Powell nesta terça-feira não teve um tom muito diferente do apresentado na semana passada, antes da divulgação de criação de empregos acima do esperado pelo mercado.

Isso deu um alívio aos investidores, que esperavam um discurso mais duro. Assim, o Dow Jones subiu 0,78%, o S&P 500 fechou em alta de 1,29% e o Nasdaq avançou 1,90%.

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