O governador João Dória, em pronunciamento nesta quarta-feira (29) (Foto: Governo de São Paulo/Flickr)

O governador de São Paulo, João Dória (PSDB) fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quarta-feira (29). Em pronunciamento para anúncio de medidas de combate ao novo coronavírus, o tucano questionou o chefe do Executivo nacional sobre declarações dadas ontem (28), quando o Brasil bateu o recorde da China em número de mortes pela pandemia. O presidente respondeu “E daí? Sou Messias mas não faço milagre” e “Quer que eu faça o quê?” quando perguntado sobre os números da Covid-19 no país.

“Meus sentimentos aos familiares de 5.017 brasileiros que perderam a vida pelo coronavírus em todo o País. Quero dizer ao presidente, o mesmo presidente que ontem respondeu “Quer que eu faça o quê?”. Eu posso enumerar atitudes que o senhor deveria ter tomado e não adotou. É fazer aquilo que o senhor não fez”, disse Doria.

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<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”pt” dir=”ltr”>Sr. Presidente, não será atacando governadores que se isentará das suas responsabilidades. Sobre a sua resposta ontem a jornalistas com relação às mortes por coronavírus: &quot;Você quer que eu faça o que?&quot;. Sugiro que inicie respeitando os brasileiros e não trate vidas como números. <a href=”https://t.co/7IleDeWOOs”>pic.twitter.com/7IleDeWOOs</a></p>&mdash; João Doria (@jdoriajr) <a href=”https://twitter.com/jdoriajr/status/1255568005024624641?ref_src=twsrc%5Etfw”>April 29, 2020</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
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Em seguida, o governador de São Paulo continuou as críticas ao presidente, e lembrou a expressão que Bolsonaro utilizou mais de uma vez para minimizar a pandemia.

“Primeiro, respeitar os brasileiros que o elegeram e os que não o elegeram. Respeitando pessoas, parentes, amigos de pessoas que perderam parentes para o coronavírus, que senhor classificou como uma ‘gripezinha’, que não era grave. Que o senhor respeite o luto de pessoas que perderam entes queridos”, acrescentou Doria.

Ainda no pronunciamento, antes de falar sobre os números da Covid-19 em São Paulo, Doria fez um convite ao presidente. “Convido o senhor, venha a São Paulo. Saia de Brasília e venha visitar o Hospital das Clínicas, os hospitais de campanha. Venha ver as pessoas agonizando nos leitos e a preocupação dos profissionais de saúde de São Paulo. E se não quiser visitar São Paulo, por medo ou qualquer outra razão, vá ver o colapso da saúde em Manaus. Veja a realidade do seu País”, disse. “Saia da sua bolha, do seu mundinho de ódio. Percorra hospitais e seja solidário com a realidade do seu País. E, por fim, o senhor que gosta de tratar tudo como números e acha que a vida é um número, eu como governador, mas como ser humano, não acho que vida é número. Nem meus filhos são tratados por número. Meus filhos são tratados por nome, com carinho e afeto. Trabalho para salvar vidas. A vida é sentimento e espero que o senhor possa resgatar o seu para ter um olhar de compaixão pelo seu País e pelos brasileiros”, complementou.

São Paulo é o estado que mais tem casos de Covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, são 24.041 registros de infectados, e 2.049 mortes.

O que disse o presidente

Na noite desta terça-feira (28), o presidente da República disse que lamenta as mais de 5 mil mortes no país. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre, disse. “Lamento a situação que nós atravessamos com o vírus. Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, que a grande parte eram pessoas idosas. Mas é a vida. Amanhã vou eu. Logicamente, a gente quer ter uma morte digna e deixar uma boa história para trás”, continuou o presidente.

Na manhã desta quarta-feira (29), Jair Bolsonaro afirmou que o governo federal fez “tudo que é possível ser feito” para conter a crise causada pela pandemia do coronavírus e que não pode ser responsabilizado pelas mais de 5 mil mortes no País. “Não vão botar no meu colo uma conta que não é minha”, afirmou.

Ainda segundo o presidente, governadores e prefeitos que adotaram medidas de isolamento social é quem devem ser cobrados. “A imprensa tem que perguntar para o (João) Doria por que mais pessoas estão perdendo a vida em São Paulo”, disse Bolsonaro. “O Supremo (Tribunal Federal) decidiu que quem decide essas questões (sobre restrição) são governadores e prefeitos.”

Também pela manhã (29), Bolsonaro publicou no Twitter as medidas que o governo federal vem adotando para combater a pandemia no país, como a aquisição e distribuição de respiradores e o direcionamento de recursos para a Saúde e aumento do número de leitos para os atingidos pela Covid-19. 

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<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”pt” dir=”ltr”>. Mais ações do <a href=”https://twitter.com/govbr?ref_src=twsrc%5Etfw”>@govbr</a> entre 24/4 a 27/04/20:<br><br>1- Início das entregas de soluções NACIONAIS para respiradores;<br><br>2- R$ 163 milhões da saúde para habilitação de 1.134 leitos de UTI pelo Brasil;<br><br>3- Maior produção de etanol da história: 35,6 bilhões de litros na safra 2019/20;</p>&mdash; Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) <a href=”https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1255438774684745731?ref_src=twsrc%5Etfw”>April 29, 2020</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
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