Setembro é lembrado com tristeza para os goianienses. Nesse mês em 1987 ocorreu em Goiânia o maior acidente radioativo ocorrido fora de uma usina nuclear com o Césio 137.
A doutora em Ciências Sociais Elza Chaves Guedes acompanhou o caso de perto. “Para quem não viveu a época, o que aconteceu foi o seguinte, o acidente foi divulgado por rádio, televisão e foi comunicado oficialmente para o CNEM – Comissão Nacional de Energia Nuclear que mandou para Goiânia um técnico para verificar o que estava acontecendo”, explicou.
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De acordo com ela, quando o técnico chegou a Goiânia ele não conseguia identificar a causa do acidente, mas conseguia identificar um nível altíssimo de radiação na área do antigo Bairro Popular até a Rua 57. Depois disso a população começou a ser informada que a radiação era invisível, indolor, incolor, que as reações poderiam ser imediatas ou ter consequências futuras.
“Sem saber que área que estava contaminada e como se contaminava, mas já sabendo quais eram as consequências da radiação. Esse pra mim é um dos motivos mais importantes pelo qual o acidente tomou à proporção que tomou, porque ele ficou imediatamente em Goiânia depois ultrapassou os limites da cidade e mais tarde os limites do Estado”, informou.
A professora explicou ainda que a extensão do acidente foi desproporcional. “Desproporcional no sentido de que por ignorar as causas, o medo e depois o pânico e quem dirigiu as ações das pessoas, tanto dos goianienses como os de fora. O principal era o medo da contaminação, tanto que várias famílias que moravam no setor Aeroporto, onde ficava a vigilância sanitária, e onde foi encontrada a peça e para onde ela foi levada, mudaram. No imaginário popular era uma catástrofe nuclear que estava acontecendo”, justificou.