Com a forte queda na cotação das ações na segunda-feira (22), a Petrobras perdeu bilhões em valor de mercado. Segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica, a estatal encolheu R$ 74,2 bilhões apenas no pregão de ontem.

Foi a segunda maior queda diária em valor da mercado da Petrobras desde o início do plano Real. Na sexta-feira (19), antes mesmo do anúncio do presidente Jair Bolsonaro da indicação de um novo presidente-executivo para a Petrobras, a estatal já tinha visto o seu valor na Bolsa encolher R$ 28 bilhões. Em entrevistas ao Sinal Aberto, o economista João Gondim explicou como a Petrobras perdeu tanto valor em tão pouco tempo.

Imaginem que uma coisa é vendida por dez partes de R$ 10,00, então essa coisa vale R$ 100,00. A partir do momento em que as pessoas começam a se desfazer do seus ativos e o preço começa a cair, essa mesma coisa que custava R$ 100,00 em dez partes de R$ 10,00, agora são dez partes de R$ 9,00. Então passa a valer R$ 90,00, essa coisa perde R$ 10,00 no seu valor geral. É a mesma coisa da Petrobras, o somatório de ações, agora dado no novo preço das ações, fez com que a companhia perdesse no todo 100 bilhões de sexta até segunda-feira, afirmou.

Vale ressaltar que na noite de sexta-feira (19), Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, para a presidência da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, gerando muitas críticas.

Para que a troca na presidência da Petrobras seja concretizada, a indicação ainda precisa do aval do Conselho de Administração da Petrobras, que tem reunião prevista para esta terça-feira (23). João Gondim falou sobre a influência da troca no comando da Petrobras no valor das ações da empresa.

“A influência direta é nas expectativas, o mercado é regido por expectativas. Se todo mundo acredita que uma determinada decisão vai reduzir o preço daquilo que você já tem, essas pessoas começam a vender. Quando todo mundo começa a vender e pouca gente quer comprar, o preço começa a cair. Isso é o que chamamos de pressão vendedora. Quando a massa de pessoas que investem na Petrobras percebem que essa decisão pode impactar negativamente no resultado da empresa, consequentemente no seu investimento, elas se desfazem dos ativos fazendo com que o preço caia”, frisou.

Confira a íntegra da entrevista com o economista João Gondim:

Para Gondim, existia a expectativa de um governo mais liberal, o que não aconteceu e tem gerado a frustação nos investidores e acionistas.

O Presidente da República fez exatamente o que os governos anteriores faziam. Interferir de maneira autoritária, autocrática digamos assim, para poder mascarar ou maquiar artificialmente o preço que deveria ser ditado a livre mercado. Então na verdade o que o presidente tem é um pânico da greve dos caminhoneiros, que é influenciada pelo preço do diesel e agora ele está fazendo o que o Sarney fez, que era tabelar preços. Eles querem forçar o preço do diesel para baixo, de uma forma absolutamente exógena aos indicadores da companhia. O que automaticamente fará com que a Petrobras amargue prejuízos novamente, destacou.

Economista explica a relação entre a queda das ações da Petrobras e a mudança no comando da estatal: “Querem forçar o preço do diesel para baixo”