Assessores dizem que Marconi Perillo vai reformar o Palácio Pedro Ludovico Teixeira, mais conhecido como Centro Administrativo. Portanto, está na hora de o governador reparar um erro que ele mesmo cometeu em sua fase anterior no poder. Logo no início do primeiro mandato de Marconi, um incêndio destruiu parte dos andares superiores da sede do Executivo. O governo aproveitou o fogo no palácio para queimar 10 milhões de reais reformando o prédio todo. Agora, rumina-se que a gastança vai se repetir pelo mesmo e vão motivo. A torcida é para que essa notícia não seja verdadeira, mas todo mundo sabe que é.
Ouça o editorial na íntegra: {mp3}stories/audio/2012/Outubro/editorial20102012{/mp3}
O Centro Administrativo não precisa de reparo algum. Os prédios que realmente necessitam de reforma são os dos colégios, dos postos de saúde e da segurança. Com o Estado em crise, o ideal seria empregar os recursos em outros lugares. O palácio resume-se a 12 andares de burocratas, praticamente sem utilidade para a população. É um exagero reformá-lo duas vezes por década, até porque algumas escolas precisam de reparos há muito mais tempo e ninguém as defende. O excesso de atenção ao palácio se torna ainda mais gritante diante de delegacias caindo aos pedaços, presídios interditados e IMLs que parecem ter sido bombardeados.
O que o governador Marconi Perillo deveria fazer era transformar o Centro Administrativo numa imensa biblioteca. Na publicidade oficial, anuncia-se uma grande reunião de livros no Centro Cultural Oscar Niemeyer. Mas ele fica longe das regiões mais pobres e povoadas, como a Noroeste. Quem trabalha não tem a menor condição de permanecer até tarde da noite lendo na saída para Bela Vista. Quem estuda não tem como atravessar a cidade na volta para casa. Já que o governo quer moer o dinheiro público no Palácio Pedro Ludovico, diminuiria o prejuízo se o tornasse essencial para a população.
A biblioteca gigantesca justificaria o nome da praça e do palácio, ambos batizados em homenagem ao fundador da Capital. Pedro Ludovico Teixeira e seu filho Mauro Borges foram governadores e não enriqueceram no poder. Além dos vínculos familiares e da honestidade tinham em comum a oposição ao Centro Administrativo desde sua construção. Não apenas eles. O prédio sempre foi considerado um trambolho, uma deformação na arquitetura da praça. Alguns políticos, acertadamente, defendiam medidas radicais para eliminar o problema. Maguito Vilela, prefeito reeleito de Aparecida, foi governador e queria a demolição do Centro Administrativo. Maguito tinha razão, pois o prédio não faria a melhor falta ao cenário. Como desde então já foram investidos tantos recursos dos cofres estatais, reduzir o prédio a pó seria um desperdício.
Entre derrubar o Centro Administrativo e continuar investindo dinheiro em sua estrutura, a alternativa é mudar a destinação. Se em vez de aspones o palácio tivesse cultura, a verba estaria cumprindo seu papel. Atualmente, secretarias 100% inúteis convivem ali com assessorias absolutamente imprestáveis. Caso todas elas sejam transferidas para o lixão, será uma vitória da sociedade e uma economia para o Estado.
A sugestão direta para o governador é que divida o Palácio Pedro Ludovico em três andares para biblioteca. Nela, inclua material de concursos públicos, gibiteca e terminais de computadores para pesquisa na internet. Mais dois andares para quem quer estudar ou ler individualmente. Outros dois andares para trabalhos em grupo. Mais dois para oficinas de literatura. Se não for pedir muito, pode tirar dali o seu próprio gabinete e abrir espaço de seus dois andares para exposição de arte. É a melhor maneira de Marconi entrar para a história da cultura nacional. A outra opção é permanecer torrando dinheiro público no luxuoso mocó de aspone.