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Altos e baixos foram constantes na Série B para o Tigre. Do céu ao inferno em vários momentos. O torcedor viveu de tudo. Períodos de pura tristeza, descrença, revolta e raiva com o time, mas também alegrias e esperança com algumas atuações. Era o que se esperava de um time que lutou para não ser rebaixado até o fim da competição, e apenas nos últimos minutos do último jogo conseguiu se manter na segundona.
Início desesperador
O pior início de um time na Série B do Campeonato Brasileiro. Foi o que o Vila Nova conseguiu em 2010. O alvirrubro goiano estreou na competição contra a Portuguesa, no Canindé, e foi goleado por 4 a 1. Prenúncio do desastre que viria. Na segunda rodada, vitória por 1 a 0 contra o Icasa no Serra Dourada, mas nada muito convincente. O vilanovense provavelmente pouco se lembra de Joãozinho, atacante que fez o gol da primeira vitória do Vila no torneio.
Depois desse jogo, o torcedor iria demorar a poder vibrar com uma vitória. E muito. Exatos três meses. Até lá, foram onze jogos, com incríveis dez derrotas e um empate. Na 13ª rodada da competição, o Tigre era o lanterna, com apenas quatro pontos em 39 disputados. Aproveitamento de 10,3%, um recorde negativo. Nos treze primeiros jogos, o time colorado fez seis gols, e levou 27.
Dentre as 12 derrotas deste péssimo começo, as goleadas sofridas no Serra Dourada para o Bahia, por 4 a 0, e para o Santo André, por 3 a 0, foram as mais doídas. Nesse período desastroso, quatro treinadores passaram pelo Onésio Brasileiro Alvarenga. O Vila começou a competição com Édson Gaúcho no comando. Ele ficou somente até a derrota para o tricolor baiano, na quarta rodada. Zé Roberto assumiu interinamente o time, e ficou até a parada para a Copa do Mundo, na sétima rodada.
Retorno da Copa e time novo
Paulo Comelli chegou durante o recesso e comandou a reformulação de praticamente todo o elenco para o retorno da Série B, após o mundial da África do Sul. Durante os 38 dias que teve de inter-temporada, o Vila Nova dispensou 16 jogadores, e contratou 20 atletas. Entretanto Comelli também não durou muito. Após o seu terceiro jogo à frente da equipe colorada, na derrota para o Duque de Caxias por 1 a 0 no dia 24 de julho, o treinador pediu demissão.
A diretoria agiu rápido e contratou Roberto Cavalo que, apesar das três derrotas nos seus três primeiros jogos, começou a ajeitar o time que posteriormente daria início a uma arrancada surpreendente. Foi com ele que o torcedor colorado enfim pôde voltar a gritar de alegria com um triunfo vilanovense. No dia 14 de agosto, pela 14ª rodada da segundona, o Vila Nova venceu o América-RN por 2 a 1, em Natal, e reacendeu as esperanças alvirrubras.
Depois da vitória, vieram dois jogos, uma derrota por 3 a 2 para o Asa-AL no Serra Dourada, e um empate em 0 a 0 com o Sport na Ilha do Retiro. Resultados que eram péssimos pelo momento do time, mas que revelaram uma mudança de postura, com atuações consistentes. No entanto, Roberto Cavalo não deu sequência a esse trabalho. Após o empate com o leão pernambucano, o treinador aumentou a conta de técnicos que não aguentaram a pressão, e os inúmeros percalços que só o Vila Nova promove.
Ademir Fonseca e arrancada
A saída de Roberto Cavalo teve uma motivação. Ele não aceitou a atitude da diretoria que fez parceria com a empresa Sport News, do Rio de Janeiro, e ainda levou jogadores para o time sem o consentimento do ex-treinador, e por isso Cavalo pediu demissão do clube. Ademir Fonseca foi o nome da vez. Com inúmeros clubes no currículo, Fonseca foi mais um que chegou cercado de desconfiança da torcida e imprensa. Mas ele provaria o contrário.
O time se reencontrou na competição. O que ninguém esperava aconteceu. Uma arrancada espetacular. A maior sequência sem derrotas da Série B 2010. Nos seis primeiros jogos do técnico no comando do time goiano, incríveis seis vitórias. Na quinta vitória consecutiva, na goleada por 4 a 1 contra o Icasa fora de casa, o tigre finalmente conseguiu o que tanto procurava: terminou a rodada fora da zona de rebaixamento, depois de 14 jogos entre os quatro piores da competição.
No sexto triunfo, o incrível jogo contra o Guaratinguetá, com o maior público da equipe colorada até então na segunda divisão de 2010, com mais de 17 mil torcedores. Quando todos já esperavam o empate e a quebra na sequência de triunfos do Vila, o talismã Pardalzinho arrancou pela esquerda, entrou na área adversária e marcou o gol que levou o Serra Dourada abaixo. Depois desse jogo ainda vieram mais três empates, completando nove jogos sem derrota, algo inimaginável, tendo como base o péssimo primeiro turno do time na competição.
Queda de rendimento, mas com final feliz
Os três empates que vieram já mostravam que o time não havia mantido o mesmo rendimento que tinha na sua série de vitórias consecutivas. Nas cinco rodadas seguintes, três derrotas e duas vitórias. Entre as derrotas, a goleada sofrida para o líder Coritiba por 5 a 1 no Couto Pereira deixou os vilanovenses novamente apreensivos. A situação melhorou um pouco nos três jogos seguintes, em que o Vila obteve duas vitórias e um empate, mas a reta final foi de extrema ansiedade.
Antes do jogo decisivo contra o São Caetano, o colorado goiano teve uma sequência de quatro jogos, com três derrotas e um empate, se somando à arrancada do Brasiliense, que ameaçava a permanência dos goianos na Série B. As goleadas para o Bragantino por 5 a 1 e para o Náutico por 4 a 1 aumentaram ainda mais o caráter decisivo da última partida contra o azulão na última rodada. O tigre chegou ao último jogo na 16ª posição, com a mesma pontuação do jacaré, mas com uma vitória a mais.
A partida decisiva contra o São Caetano teve todos os ingredientes que o torcedor colorado conhece. A emoção foi imensa. Por trinta segundos os mais de 21 mil vilanovenses que enchiam o Serra Dourada viram todo o filme do ano passar a sua cabeça. Trinta segundos que pesaram um ano inteiro. O Brasiliense vencia o América-RN por 2 a 1, e o Vila empatava com o São Caetano em 1 a 1. Durante trinta segundos o Vila esteve na terceira divisão, mas o torcedor colorado sabia que não iria terminar assim.
E os mais otimistas também sabiam que a reviravolta nesse cenário viria dos pés do talismã da equipe. A humildade, juventude, vontade e determinação de Max Pardalzinho salvou o Vila, aos 37 do segundo tempo. O jovem atacante de Morrinhos fez o gol da vitória em cima do time do ABC paulista, e garantiu um final de ano menos triste para os torcedores, e proporcionou um dos momentos mais emocionantes da história recente do clube.
Números:
Treinadores
Édson Gaúcho – 4 jogos – 1 vitória – 3 derrotas – 25% de aproveitamento
Zé Roberto (interino) – 3 jogos – Nenhuma vitória – 3 derrotas – 0% aproveitamento
Paulo Comelli – 3 jogos – Nenhuma vitória – 1 empate – 2 derrotas – 11% aproveitamento
Roberto Cavalo – 6 jogos – 1 vitória – 1 empate – 4 derrotas – 22% de aproveitamento
Ademir Fonseca – 22 jogos – 11 vitórias – 5 empates – 6 derrotas – 57% de aproveitamento
Classificação no primeiro turno
18º colocado – 17 pontos – 19 jogos – 5 vitórias – 2 empates – 12 derrotas – 17 gols pró – 34 gols contra – saldo:-17 – aproveitamento de 29,8%
Segundo turno:
9º colocado – 29 pontos – 19 jogos – 8 vitórias – 5 empates – 6 derrotas – 33 gols pró – 34 gols contra – saldo:-01 – aproveitamento de 50,1%
Jogos em casa:
10 vitórias – 3 empates – 6 derrotas – 33 gols pró – 29 gols contra – saldo 4 – aproveitamento 57,9%
Fora de casa:
3 vitórias – 4 empates – 12 derrotas – 17 gols pró – 39 gols contra – saldo: -22 – aproveitamento 22, 8%
Artilheiro – Roni: 15 gols