Por meio de contos criativos, ilustrações de xilogravura e músicas acessadas por QR Codes, a escritora Fernanda de Oliveira resgata a cultura popular brasileira para crianças e famílias ao redor do mundo. “Só sei que foi assim.” Com essa frase bem brasileira, a escritora e compositora Fernanda de Oliveira batizou sua obra, que já está no segundo volume.
O livro reinventa as origens das cantigas de roda, misturando fantasia, humor e muita brasilidade — e tem encantado leitores, especialmente pais, professores e crianças, no Brasil e no exterior. Em entrevista ao programa Tom Maior, Fernanda falou diretamente de Copenhague, onde reside atualmente.
“Faz dez anos que estou longe do Brasil, mas o Brasil não saiu de mim”, disse a autora, que já morou em cidades como Goiânia e Barcelona. A saudade da terra natal e o desejo de valorizar suas raízes impulsionaram a criação do livro. “Esse é o meu 38º livro, e eu queria muito falar do Brasil e enaltecer a nossa cultura, a nossa imaginação, o nosso jeito de ser”, contou.
Em cada conto, a autora mistura elementos da cultura popular com episódios fictícios que explicam, de maneira lúdica, como teriam surgido clássicos como Sapo Cururu, Borboletinha e Alecrim Dourado. Apesar da liberdade criativa, a pesquisa que embasa o livro é real.
“A parte regional está presente. Falo da Ilha de Marajó, dos indígenas, da colonização italiana. Tudo isso para entreter e gerar assunto, memória e identidade. É um livro para a diversão em família”, explicou Fernanda.
Além da narrativa escrita, o livro conta com um componente visual e interativo marcante: xilogravuras produzidas por J. Borges e seu filho Pablo Borges. “A xilogravura é algo muito brasileiro. O J. Borges, infelizmente, faleceu no ano passado, e essa obra também é uma forma de homenageá-lo”, comentou emocionada.
O livro também tem ganhado destaque internacional com exposições no Consulado Geral do Brasil em Barcelona e na Embaixada em Copenhague. “A exposição ficou um ano e meio em cartaz em Barcelona. Os visitantes podiam ver as xilogravuras, ler os contos e até dançar as músicas através de QR Codes que levam aos vídeos com coreografias que eu mesma criei”, contou a autora.
Ao ser questionada sobre a importância de resgatar a tradição das cantigas de roda em meio à era digital, Fernanda foi categórica: “Hoje em dia, muitos pais entregam o celular para os filhos e se esquecem da cultura oral. As cantigas são fundamentais para a alfabetização e carregam o DNA do nosso povo.”
Fernanda, que é mãe de dois filhos pequenos, acredita que a infância deve manter viva essa inocência e conexão com as raízes. “Mesmo morando fora, todos os dias canto músicas brasileiras com meus filhos. Enquanto visto o casaco neles ou preparo uma comida, estou cantando Terezinha de Jesus. A cultura vem disso, do cotidiano”, destacou.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade
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