O Vila Nova está próximo de reinaugurar o Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga. No próximo sábado, dia 23, o Tigrão vai mandar sua primeira partida da Série B 2016 em seu próprio estádio, o duelo será diante do Ceará, às 16h, pelo Campeonato Brasileiro.

O OBA já foi palco de inúmeras histórias do Vila Nova e de seus torcedores, inclusive de 5 jogos da Série B 1989. Os colorados têm o estádio como segunda casa, lugar onde são acolhidos, onde viveram momentos importantes da vida e lugar onde fizeram vários amigos. Quem chega ao OBA, não importa o dia e a hora, sempre vai encontrar torcedores jogando conversa fora no estacionamento.

Além de parte da história de muitos torcedores, o OBA tem sua própria história, que ainda é pouco conhecida, principalmente pelos vilanovenses mais novos. O Onésio Brasileiro Alvarenga começou a ser construído na década de 1960, após o prefeito de Goiânia na época, Hélio Seixo de Brito, doar a área para o Vila Nova e sua inauguração se deu já na década de 1970 (ainda não há informações precisas sobre a data exata e o primeiro jogo no local).

O estádio não foi desde sempre um estádio, ele foi construído aos poucos, por etapas. No primeiro momento, foi construído o campo, colocado o gramado na área e o local servia apenas como centro de treinamento para o time colorado. Seu primeiro nome, inclusive, não foi Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, foi Centro Esportivo Dr. Hélio Seixo de Brito, em homenagem ao prefeito da capital.

dona gercina obaQuem conta a história é José Martinez, conselheiro grão-benemérito do Tigrão e que vivenciou todo o processo de construção do estádio. Seu Martinez é uma das figuras icônicas do Vila Nova e esteve presente não só na construção do OBA, mas também em momentos marcantes do clube.

“O Ruarc Douglas Ferreira era dirigente do Goiás na época e falou: ‘Martinez, junta com o pessoal aí, vai lá no Hélio de Brito e consegue uma área para o Vila Nova’. Aí eu juntei com o Pedro Xavier Teixeira, vereador na época, com o José Getirana, que trabalhava com o Helinho de Brito na prefeitura, e eles nos deram uma concessão desse terreno que hoje é o Onésio Brasileiro Alvarenga. Na época, em homenagem ao Doutor Hélio de Brito, o OBA chamava Centro Esportivo Hélio de Brito”, contou Martinez.

O conselheiro colorado revelou, ainda, como e por que o estádio mudou de nome e passou a se chamar Onésio Brasileiro Alvarenga. Mas, antes de contar a história por trás da mudança do nome do OBA, é preciso saber quem foi Onésio Brasileiro Alvarenga e qual a importância dele para o Vila Nova.

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Onésio Brasileiro Alvarenga foi um jogador de futebol vindo do interior mineiro, era natural de Ituiutaba, Minas Gerais. Ele era goleiro e chegou ao futebol goiano para jogar no Araguaia, um dos nomes provisórios que o Vila Nova teve ao longo de sua história. Mas, o que marcou Onésio para sempre no Tigrão não foi sua atuação nos gramados. Enquanto jogador, ele chegou até a atuar no rival Goiás.

Onésio foi o responsável por trazer para o Vila Nova grandes nomes que ajudaram a equipe e conseguir o tricampeonato goiano, conquistado nos anos de 1961, 1962 e 1963. Ele trouxe de Ituiutaba nomes como Tido, Donato, Pedrinho e Paulinho Benga.

Seu Martinez relembra muito bem o esquadrão colorado da época e a homenagem feita ao goleiro pelo fato extraordinário que o Tigrão havia conquistado na época. “O doutor Zé Vieira e o presidente passaram o nome do estádio para Onésio Brasileiro Alvarenga depois do tricampeonato, porque ele havia trazido jogadores do Ituiutaba e montado o time, inclusive o goleiro era o próprio Onésio. Então o doutor Sílvio Terra mudou o nome do estádio para Onésio Brasileiro Alvarenga”, relembrou.

Muito tempo de casa e muitas histórias

Quem também conta um pouco da história do OBA é Iron Gonçalves, no Vila Nova desde o ano de 1969. Ele começou no clube como jogador, deixou as chuteiras, virou preparador físico e até comandou o Tigrão em alguns jogos como o treinador do time. Atualmente ele está na supervisão de futebol do Colorado, função que exerce há 15 anos.

Iron contou o momento mais marcante dele dentro do OBA. Foi um jogo contra o Goiás, no qual o Vila Nova venceu (de virada, em 2009) pelo placar de 2×1. O Campeonato era o Goiano, o funcionário deu detalhes do confronto e rememorou a atmosfera da partida.

“A rivalidade Vila e Goiás é muito boa, a gente sempre lembra. Nós jamais imaginaríamos que os dois times jogariam partidas do Campeonato Goiano tanto no OBA, quanto na Serrinha. Nós vencemos o jogo, que era praticamente de uma torcida só. Foi um jogo muito pegado, bastante difícil e nós vencemos por 2×1”, narrou Iron.

Estrutura

O torcedor colorado está em êxtase com o momento vivido pela equipe e talvez ainda não consiga mensurar o tamanho do feito que o clube está prestes a fazer. O OBA foi reformulado, sua capacidade foi aumentada para comportar 11.788 pessoas, os alambrados deram lugar a vidros blindex. Bares, vestiários, banheiros e bilheterias foram reformados e o estádio passou a ser setorizado.

Geso Oliveira, diretor de patrimônio do clube, é quem conta detalhes das obras. O dirigente já foi presidente do Tigrão e esteve à frente do projeto de reforma do estádio desde o início, lado-a-lado com o presidente Gutemberg Veronez.

geso 1 nubia“Nós dobramos a capacidade do OBA, trocamos toda a parte de instalação elétrica, aumentamos em 50% a iluminação, fizemos a troca do alambrado por vidros à prova de balas. Trocamos totalmente a parte de irrigação do gramado, reformamos todos os banheiros, construímos novos banheiros, construímos um novo bar, bem amplo. Nós estamos reformando todas as cabines de rádio, com pintura, acabamento, forro”, detalhou.

Torcida ansiosa

Por parte da torcida a expectativa de reinauguração do estádio é tão grande quanto à dos dirigentes colorados. Seu Nenê é quem fala sobre a importância de o Vila Nova jogar na própria casa. Ele é um dos torcedores símbolo do Tigrão, tem 84 anos, é natural de Correntina, na Bahia, chegou a Goiânia na época que a capital estava recém-criada e desde sempre morou na região da Vila Nova, quando ainda era uma invasão. Seu Nenê se emociona ao falar do Vila Nova e relembrar todos os momentos já vividos com o clube.

“Eu já moro aqui há muitos anos e o Vila Nova para mim é tudo, faz parte da minha família, no Vila Nova todo mundo está em casa. Os jogos do Vila têm que ser lá no OBA, porque ali a casa é nossa. Esse Vila Nova para mim é tanta coisa que é difícil me recordar, são tantas alegrias”, relatou emocionado.

seu nene vitorSonho realizado

Quem teve a ideia e resolveu levar adiante a reforma do Onésio Brasileiro Alvarenga foi o presidente Gutemberg Veronez. Guto é o responsável pelo clube e, em sua gestão, o Vila Nova já conseguiu dois títulos, o de Campeão Goiano da Divisão de Acesso e o de Campeão Brasileiro da Série C, ambos no ano de 2015.

O presidente revelou que mandar os jogos da Série B no OBA sempre foi um sonho que ele tinha, desde a época em que era somente torcedor, quando sentava nas arquibancadas para ver o Tigrão jogar.

“É um sonho de torcedor. Quando a gente sentava na arquibancada, não entendíamos por que não jogávamos a Série B aqui. Esse sonho já vem lá de trás e vem de anseio com a grande maioria dos torcedores. Eu fui agraciado de ter a oportunidade de fazer algo para o Vila Nova, que vai contribuir muito para o futuro do clube”, contou.

A grande reestreia do OBA vai acontecer no sábado e o jogo está movimentando os torcedores desde o início da semana, quando a CBF deu o aval para a utilização do estádio. A expectativa é que os torcedores lotem as arquibancadas e uma grande festa seja feita por parte da torcida, que contará com bateria, fumaças e cantos novos. Ao que tudo indica, sábado será o começo de um novo Vila Nova.