O especialista em Transporte e Mobilidade Marcos Rothen, professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), analisou nesta terça-feira (30), as propostas dos candidatos a prefeito de Goiânia relacionadas ao trânsito e aos Transportes Urbanos.

Durante entrevista concedida ao programa Cidadania em Destaque, apresentado pela jornalista Cecília Barcelos, Marcos Rothen, avaliou que as deficiências na mobilidade urbana da capital podem ser solucionadas mediante a adoção de uma postura séria e responsável por parte do (a) futuro (a) prefeito (a). “A principal mudança consiste em o prefeito levar a sério a questão do trânsito. O trânsito e o transporte coletivo afetam diretamente a vida das pessoas que chegam estressadas em casa. Tem que ter uma pessoa capacitada que cobre das empresas, às vezes tem que contrariar. Não é ser autoritário, mas que tenha estabilidade.” afirma.

Propostas

Com o intuito de responder os questionamentos da população sobre o trânsito e os transportes, os candidatos a prefeito de Goiânia tornaram públicas as propostas relacionadas ao tema em entrevistas concedidas a rádio 730.

Flávio Sofiati (PSOL) apostou na consulta a população para resolver os problemas do transporte coletivo e sugeriu o rompimento dos contratos com as empresas que operam o sistema, além da implantação de ciclovias. “A gente quer perguntar pras pessoas o que elas acham do transporte coletivo em Goiânia. O PSOL quer fazer governos com participação, então não vamos chegar lá e decretar a estatização do sistema, pois não é assim que funciona. Todo mundo sabe que o transporte Coletivo de Goiânia é um problema, grande parte da população sofre com isso. Caso seja eleito, iremos progressivamente estatizar o sistema.”

Contudo, o especialista em transportes Marcos Rothen não acredita que a estatização do transporte coletivo seja possível. “Nada disso vai dar certo, não adianta estatizar porque isso não vai dar certo, tudo que o Estado faz, faz mal. O negócio da ciclovia, a bicicleta não vai resolver, pois não tem espaço. É um investimento pra daqui a 30 anos.”

Já Iris Rezende (PMDB) defende o investimento no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e aposta em um acordo entre taxistas e motoristas da empresa Uber para melhorar o trânsito. “Vamos buscar recursos para fazer o VLT. Nós também não podemos desconhecer a evolução da ciência e da tecnologia. Agora temos que considerar esse avanço na questão do Uber, mas não podemos desconsiderar as famílias que dependem do taxi para ganhar o pão de cada dia.”

Entretanto, o especialista em transportes aponta o alto custo de instalação do Veículo Leve sobre Trilhos. “O VLT é caro demais e completamente fora da realidade. Ele consegue resolver o impasse entre taxistas e Uber, mas pra isso terá que ter autoridade.”

O candidato Delegado Waldir (PR) aposta na padronização de calçadas para gerar melhorias na mobilidade urbana. “Em relação a pedestres queremos criar incentivos no IPTU para iniciar um projeto de padronização de calçadas, para que deficientes e pessoas idosas possam fazer caminhadas. Também vamos implantar ciclovias, motovias e criar bicicletários para integrar o transporte coletivo.”

Segundo Marcos Rothen, já existem projetos que objetivam a padronização das calçadas. “A calçada já é padronizada né, já tem projetos, tem leis, tudo isso. A lei já existe, agora falta autoridade para garantir o cumprimento da legislação. Essa questão das motovias não funciona porque o motociclista não fica naquele espaço ali.”

O prefeitável Francisco Júnior (PSD) propôs a redução das tarifas do transporte coletivo. “Se queremos uma maior adesão da população ao transporte público precisa baixar o preço, o poder público tem que dar conta de subsidiar. O dinheiro virá a partir da unificação da gestão do transporte urbano em Goiânia, com SMT e CMTC juntas.”

Na avaliação do especialista o transporte brasileiro é um dos mais subsidiados do mundo. “Idosos, por exemplo, não pagam passagem, quem paga a passagem do passageiro é o empresário, pois a maioria dos usuários utiliza vale-transporte. O que tem melhorar é a qualidade do transporte coletivo.”

Dentre as propostas divulgadas por Djalma Araújo (Rede), está a realização de uma auditoria nos contratos das empresas que operam o transporte coletivo em Goiânia. “Vamos promover uma auditoria nos contratos e estabelecer o cumprimento do contrato em 90 dias. Caso o contrato não seja cumprido, vamos abrir novas licitações. E vamos também através de aplicativos, transportar passageiros por meio de vans.”

Conforme análise de Marcos Rothen, a colocação das vans tem que ser bem pensada. “Ele tem que pensar bem nisso. Com relação à auditoria, quando o candidato fizer uma auditoria nas empresas ele vai se surpreender, pois os custos das organizações são altos.”

Os candidatos Vanderlan Cardoso (PSB) e Adriana Accorsi (PT) não apresentaram propostas direcionadas ao trânsito e a mobilidade urbana durante as entrevistas concedidas à rádio 730.

Ouça a entrevista completa:

{mp3}Podcasts/ENTREVISTA_PROFESSOR_MARCOS_CIDADANIA{/mp3}