Análises desenvolvidas na Universidade Federal de Goiás para avaliar a ação do novo coronavírus no corpo humano conseguiu identificar novas informações sobre a atividade imunológica e metabólica dos pacientes. O professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Luiz Gustavo Gardinassi, explicou à Sagres 730 nesta quinta-feira (30) que foi encontrado diversas características da resposta imune dos indivíduos que se infectam e desenvolvem a covid-19.

“Nós observamos que existem células do sistema imune que são reduzidas na circulação desses indivíduos, enquanto outras apresentam um aumento na circulação dessas células”, disse. “Além disso, a gente avaliou a própria resposta metabólica dessas células, que é importante para dar energia para as células do sistema imune. A gente conseguiu descobrir algumas vias metabólicas que estavam ativadas nesses pacientes”.

De acordo com o estudo, as células de defesa no organismo estavam reduzidas, de acordo com o professor Luiz Gustavo, elas são importantes para o combate de infecções virais, como os linfócitos T e as células matadoras naturais, NK. “Outro aspecto importante, foi que a gente comparou pessoas com coronavírus, com pessoas com vírus de gripe comum. Nós percebemos que, entanto as pessoas infectadas pelos outros vírus, conseguem montam uma resposta antiviral, já pacientes com covid tem um atraso na resposta antiviral”, disse.

As novas descobertas podem contribuir para o entendimento de como age a doença e para a formulação de estratégias de tratamento. “No mundo todo está tentando entender como o coronavírus age no corpo a partir do momento em que ele é contaminado. A questão é que nós, avaliando esses estudos anteriores e os dados, percebemos que os dados utilizados, talvez não fossem os mais apropriados e sensíveis”, disse. “Nós delineamos uma metodologia que fosse capaz de ser mais sensível de extrair novas informações, a partir desses dados computacionais que já estavam disponíveis da literatura”.

O professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Luiz Gustavo Gardinassi, detalhou que o estudo da UFG contribui com a introdução de metodologia de análise de dados. “Nosso estudo contribui em dois pontos principais, na introdução de metodologia de análise de dados robustos, que pode ser aplicado em novos estudos, pode ser aplicada para comparar outros estudos. Isso é uma coisa que com outras metodologias não é capaz de fazer”, disse.

Outro ponto importante identificado pelo estudo, foi que algumas vias metabólicas, entre elas, o ciclo de Krebs, oxidação fosforilativa, glicólise, metabolismo de triptofano, biossínteses de heme, podem servir de alvos de combate à doença. Segundo o professor Luiz Gardinassi, as vias metabólicas estão envolvidas na manutenção da energia e função das células brancas ativadas pelo organismo e, portanto, podem ser alvos terapêuticos.

“O segundo ponto, e mais importante, é que, justamente, as vias metabólicas que a gente identificou servem como um direcionamento para saber onde nós vamos intervir. Tem uma organela, que chamamos de mitocôndria, que é responsável em produzir energia para a célula. A gente sugere no estudo, que a atividade da mitocôndria tem um papel crucial na covid-19 e ela pode ser um alvo para a gente conseguir inibir essa hiperativação de algumas células que leva essa inflamação”.