O Vila Nova vive momento agitado nos bastidores. Desde o último dia 10, a equipe está em processo eleitoral para eleger o novo presidente executivo do clube, já que Gutemberg Veronez renunciou ao cargo. Até o momento, duas pessoas já declararam candidatura: Ecival Martins, atual presidente interino, e Murilo Reis, conselheiro e ex-diretor de marketing do Vila, na gestão de Guto, na temporada passada.
Murilo foi o convidado desta quinta-feira (27) do programa Debates Esportivos, da Rádio 730, e apresentou suas propostas para a gerência do clube, caso seja eleito. Murilo talvez seja desconhecido por parte da torcida, já que faz parte da nova safra de conselheiros do clube, portanto, ele se apresentou, contou sua trajetória dentro do Vila, falou sobre o período em que compôs o corpo diretivo do Tigre, apresentou suas propostas para a gestão do clube e comentou sobre o imbróglio da renovação ou não do técnico Guilherme Alves.
QUEM É
“Sou candidato a presidente do Vila. Sou neto do Cleomenes Reis, ex-presidente do clube, entre 76 e 77. Meu pai foi diretor do Vila na década de 90, foi ele quem criou a escolinha do time. Sou formado em publicidade e propaganda pela PUC, especialista em marketing esportivo, estou a dois módulos de terminar o curso de gestão esportiva pela CBF e sou diretor de marketing do Instituto Goiano de Direto Desportivo”.
“Participei da implantação do Sócio Tigrão nos anos de 2008 e 2009. Posterior a isso, fui trabalhar no Remo e depois recebi o convite do Guto para assumir a diretoria de marketing no ano de 2015. Nesses dois anos, captamos, através da minha empresa, 3 milhões para o clube. Recuperamos o Sócio Tigrão, pegamos com 300 sócios e hoje temos mais de 3600 adimplentes. Acredito que nossas ideias e projetos, no tempo que estivemos lá, podem ser enaltecidos pelos conselheiros e, caso sejamos eleitos, vamos tocar tudo o que estamos pensando”.
ÚLTIMA GESTÃO
“O que foi positivo, na minha visão, foram as pessoas abraçarem o Vila. Os conselheiros, os torcedores, os sócios, associados, todos abraçaram o Vila momento que ele mais precisou. E o que foi de negativo, foi afastar essas pessoas. Com a força das pessoas que estavam a frente do clube e que estavam nos dando um background, foi o que determinou o resultado de 2015. Em 2016, tudo mudou, as coisas passaram a ser tratadas internamente de forma diferente e foi por isso que não continuamos. Temos que aprender com os erros, entender o que de fato aconteceu, para poder melhorar no futuro. É assim que nossa gestão pretende fazer a partir de 10 de novembro”.
CORRUPÇÃO
“Se ele (Ecival) disse, ele tem a responsabilidade, como presidente interino, de mostrar essa corrupção e levar isso a conhecimento de todos e punir os responsáveis. O presidente precisa ter responsabilidade, acima de tudo. Se existe isso, não pode ser tratado da forma como está sendo tratado, na imprensa. O Vila tem que parar de lavar roupa suja nos microfones. Se existe corrupção, se ele tem certeza disso, leve para o presidente do conselho, é montada uma comissão, como foi montada para a questão dos ingressos, e vamos apurar o que está acontecendo. Agora, falar isso e não tomar nenhuma atitude, para mim, não é conveniente”.
GESTÃO DE FUTEBOL
“O Vila precisa ser sistematizado, o Vila precisa ser construído e não tocado. Não adiantada nada a gente falar que o Vila hoje tem dívidas e passivos e não fazer nada para sanar isso. Em 2015, fechamos o ano de forma positiva, não ficamos devendo como estamos devendo nesse momento. Quando se tem um planejamento e este planejamento é seguido de forma sistemática, e é isso que quero implantar, não existe isso, é matemática clara”.
“Fui contra a construção do OBA, porque sabia que não era o momento. Teve gasto na construção, haviam doações, mas não tem como doar uma construção. Não sei dizer o que foi gasto, porque não faço parte do financeiro. Mas todo o conselho sabe o quanto foi deficitária essa construção do estádio. Falar agora é fácil, mas, naquele momento específico, a gente sabia o que o Vila ia arrecadar. Quando você tem conhecimento do que vai arrecadar no ano, você coloca os seus custos dentro daquela previsão. Se, por acaso, eu colocar um custo acima da minha previsão, vai faltar dinheiro. E foi isso que aconteceu, nós, diretores que saímos, éramos contra aumentar. Não dá para aceitar isso mais dentro do Vila, é muito amadorismo. Temos que trabalhar com o que é factível. Se a gente continuar fazendo o Vila imaginando uma situação que pode acontecer, o Vila vai continuar sendo um clube quebrado, que não consegue honrar os compromissos no final do ano”.
DIRETORIA
“Essa eleição é só para presidente, a única renúncia que ocorreu foi para a presidência executiva. Caso eu seja eleito, meus vices continuarão sendo o Arthur Ciro no financeiro, José Martinez Ruiz como primeiro vice e segundo vice o Ecival Martins. Meu concorrente vai virar meu vice, caso eu seja eleito. O Hugo Jorge Bravo é uma vontade do grupo, de todos, só depende dele querer ou não. Eu já tive contato com ele, mas serei bem claro, ele não tem interesse de assumir, mas queríamos muito que fosse ele”.
GUILHERME
“Eu, como torcedor, gostaria que o Guilherme continuasse. Não o conheço, não conversei com ele, vou conhecê-lo, mas é muito cedo para eu dizer se será ou não, não depende só da gente, depende dele querer ou não. Temos uma reunião hoje com ele, não posso dizer com convicção que ele ficará, vou dar total autonomia para o meu departamento de futebol e vou cobrar os resultados. Se o meu departamento de futebol achar por bem que o Guilherme é o melhor nome para 2017, beleza (sic), irei cobrar os resultados”.
“O Guilherme é um bom treinador, como vários que passaram no clube. Tem que ressaltar que, de fato, ele conquistou a confiança do grupo e extraiu desses jogadores o máximo de cada um. E hoje temos esse resultado, que era o nosso primeiro objetivo, não rebaixar. Por mim, seria ele o treinador, mas não sou eu que decido sozinho”.
“O treinador tem que fazer as cobranças internamente e cabe ao presidente cobrar isso do treinador. Tudo o que ele expôs, da forma como expôs, foi prejudicial ao clube e à imagem da instituição. E nós, que estamos no microfone, temos que preservar a imagem da instituição, porque essa imagem é a que vende. Eu não vou conseguir vender um patrocinador depois de uma declaração como a do Ecival, dizendo que o Vila é cheio de corrupção, é complicado”.
DINHEIRO
“Não acredito muito em dirigente tirar dinheiro e colocar no clube. Acredito que o clube tem que extrair o máximo de receita, dentro de suas funções. Vejo que é possível fazer esses 500 mil dentro do próprio Vila Nova, ainda nesse final de ano, de diversas formas possíveis. E não vou falar quais são essas formas, porque sou candidato. Existe a possibilidade de ter essa receita de imediato e já estamos trabalhando para isso. Temos parceiros, empresas que estão interessadas em nos apoiar e já nos apoiam. Claro, se precisar, temos também esse lastro de grandes conselheiros que podem nos ajudar”.