O cientista político Frank Tavares analisou em entrevista à Sagres, nesta quarta-feira (24), a fala do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), em entrevista ao Jornal Nacional, na última segunda-feira (22). Na ocasião, o presidenciável afirmou que vai respeitar as eleições, “desde que sejam limpas”. Para Frank, porém, essa frase não mostra um recuo por parte do presidente em relação aos discursos que colocam em cheque a segurança das urnas eletrônicas.

“A fala, se bem entendida, caminha para desestabilização do processo democrático e não para o reconhecimento. São aquelas crianças que jogam futebol e dizem que reconhecem o resultado do jogo desde que seja o vencedor, ou desde que seja conforme as regras deles”, declarou o cientista.

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Frank ainda destacou o fato de Bolsonaro ter citado as forças armadas como um dos poderes que vão ‘aferir a legitimidade das eleições’. “[Bolsonaro] fez uma alusão a um perfilamento do Estado que não tem atribuição constitucional para validar, escrutinar a integridade eleitoral […] Então [Bolsonaro] manteve o discurso e mandou um sinal claro para a base ideológica”.

Por outro lado, o cientista político disse acreditar que levantes contra o regime democrático não devem ocorrer, pois percebeu que apoiadores de Jair Bolsonaro já não “endossam mais esse discurso”. “Primeiro porque boa parte das forças políticas do país disputam eleições, querem vencer e, portanto, não querem colocá-las sob suspeita”.

O segundo elemento, disse Frank, é o apoio de setores que sempre estiveram ao lado de Bolsonaro, como o empresariado. Para o cientista, a operação realizada nesta terça-feira (23), com busca e apreensão na casa de empresários, que estão em um grupo de whatsapp em que citaram a possibilidade de um golpe caso o ex-presidente Lula (PT) seja o vencedor das eleições, pode causar um recuo.

“Não sei se vão se arriscar a financiar um levante golpista ou um protesto que coloque em questão a legitimidade das eleições, principalmente, após esse mandado de busca e apreensão ontem”, analisou Frank sobre o mandado expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

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