A quantidade de dados pessoais compartilhados no ambiente digital faz com que cidadãos, empresas e entidades públicas passem a se preocupar com a manutenção da privacidade online. Só no ano passado, o Brasil foi o 12º país do mundo mais atingido por vazamento de dados.

Em entrevista à Sagres, o advogado Leandro Bissoli afirma que a falta de orientação é o principal responsável pela estatística negativa. Assista a seguir a partir de 4′

”Falta conhecimento de práticas de segurança. Infelizmente não tivemos ainda nenhuma capacitação, seja na escola ou algum programa de educação continuada sobre esse tema. Existem várias iniciativas, inclusive da própria autoridade nacional de proteção de dados, por meio de seus comitês, estabelecendo um plano de trabalho sobre um programa de comunicação, de orientação aos nossos cidadãos, sobre o tratamento de dados e privacidade, e o quão valioso é esse nosso direito”, analisa.

No ano passado, uma pesquisa realizada pela Kaspersky Lab revelou que um terço (35%) dos brasileiros não sabe como proteger seus dados no meio virtual. Já outro estudo realizado pela plataforma de software Capterra mostra que, após um ano da criação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), apenas 37% das empresas no Brasil acreditam estar totalmente adequadas à lei e gerindo os dados de clientes corretamente. O Tribunal de Contas da União (TCU) também trouxe, neste mês de junho, uma pesquisa que revela que apenas 22% das organizações públicas brasileiras seguem a aplicação das normas da LGPD.

Crimes cibernéticos

Para o especialista, a situação do Brasil, de 2021 para cá, pode ter piorado no ranking de vazamento de dados. Os crimes, na maioria dos casos, são cometidos para se obter algum tipo de vantagem financeira utilizando dados de pessoas comuns.

”Quando um criminoso pega os dados para fazer a abertura de uma conta digital em uma instituição financeira, consegue habilitar um crédito, consegue pegar ou ter acesso até a um fundo de garantia, ou seja, esses dados são utilizados para que terceiros, ou seja, os criminosos, se passem por você para obter alguma vantagem”, esclarece.

Essa lacuna em relação aos cuidados com dados digitais, tanto de corporações quanto de pessoas, que compartilham informações principalmente em redes sociais, evidencia uma atitude despreocupada com a própria privacidade que pode tornar o usuário um alvo fácil para os cibercriminosos.

Cuidados

Leandro Bissoli afirma que, em caso de golpe, o melhor a fazer é registrar toda a situação junto à polícia, e chama a atenção para outros cuidados necessários para evitar esse tipo de golpe.

”Todo mundo está sendo vítima a todo instante. É um golpe digital falando que tem uma oportunidade de emprego pelo WhatsApp e pede seus dados, clicar em um link que chegou pelo e-mail, ou até mesmo simular um site falso para ter acesso a algum conteúdo exclusivo. Muito cuidado. Temos de ter atenção redobrada quando utilizamos essa tecnologia e aparecem essas facilidades ou maravilhas si. São iscas para pegar os usuários”, conclui.