Hélio Nunes de Oliveira começou a trabalhar no jornal O POPULAR aos 16 anos de idade. Aquele quase menino começava naquele momento a escrever uma história que só terminaria com sua morte, em 2010, aos 56 anos de idade. Uma carreira de fotógrafo 40 anos do principal jornal impresso do Estado deixou um acervo valiosíssimo. Fora o arquivo guardado pelo Centro de Documentação do jornal, a família mantém cerca de 4 mil fotos aos cuidados do filho Guilherme Blanco.
Hélio Nunes morreu vítima de complicações renais. Fez transplante de rins ainda muito jovem, mas nunca parou sua vida ou sua carreira por conta da doença crônica. Trabalhou até poucos dias antes de ser internado no Hospital Lúcio Rebelo, onde morreu. Diante desse riquíssimo acervo, o filho Guilherme propôs ao cineasta Ranulfo Borges o desafio de fazer um documentário sobre a história relatada por Hélio Nunes a partir deste acervo de 40 anos.
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O diretor optou por focar em seu trabalho e menos em sua vida. O resultado é Hélio Nunes – Do Módulo Lunar ao Fotojornalismo, um documentário de 72 minutos, que estreia neste domingo (24), às 19h30, na Mostra O Amor, A Morte e as Paixões, realizada pelo Cine Lumière no Banana Shopping, no Centro de Goiânia. Após a exibição do filme haverá um debate com os realizadores.
Para recuperar a carreira do fotógrafo, o diretor entrevistou vários de seus ex-colegas. Entre os os entrevistados está o curador da mostra, Lisandro Nogueira, e os jornalistas Cileide Alves, apresentadora do Manhã Sagres, da Sagres 730, e ex-editora-chefe do jornal, onde trabalhou com Hélio Nunes por 21 anos; Weimer Carvalho, editor de fotografia do POPULAR, e um dos profissionais levados por Hélio para o jornal; João Unes, ex-editor chefe; Silvana Bittencourt, atual editora-executiva, André Rodrigues; editor de imagens e arte; Luciano Martins, editor do jornal Daqui, entre outros profissionais.
O documentário traz registros de fatos de coberturas jornalísticas como o terremoto no Timor Leste, a campanha das Diretas Já, em 1985; da estação brasileira na Antártida, destruída por um incêndio em 2012; e de Copas do Mundo. Há ainda fotos de Ayrton Senna, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula, Pelé, Cora Coralina e da visita do papa João Paulo II a Goiânia, em 1991.
Por 30 anos, Hélio Nunes foi fotógrafo também no Palácio das Esmeraldas, onde cobriu os bastidores e os fatos políticos mais relevantes do período. O diretor Ranulfo Borges diz que no filma fica evidente a obsessão com que Hélio perseguia cliques originais ou como procurava dar às fortes fotos uma abordagem criativa, mesmo quando tratavam de temas factuais.
O primeiro filme do jornalista e diretor Ranulfo Borges é o documentário Colegas, Companheiros e Camaradas (2010), prêmio de melhor roteiro no 7º Festcine Goiânia (2011). Em 2015 lançou Lobo Solitário, melhor filme goiano no Festival Internacional de Cinema Ambiental da Cidade de Goiás (Fica). O filme também foi eleito melhor filme pelo júri popular no Festival de Campina Grande, na Paraíba, em 2016. Realizou ainda a minissérie documental Pelas Beiradas para TVs públicas. O filme foi realizado com apoio da Lei Goyazes de Incentivo à Cultura.
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O documentário sobre Hélio Nunes será o segundo filme goiano em exibição na 12ª mostra em cartaz no Lumière. Na sexta-feira à noite foi exibido Alaska, do diretor Pedro Novaes, com Bella Carrijo e Rafael Sieg, e conta a história do reencontro de um casal dez anos depois da separação durante uma viagem pela Chapada dos Veadeiros.
Neste sábado (23) estreia também a comédia Vermelha, do diretor Getúlio Ribeiro. O filme conta a história de dois homens que viajam até uma região rural em busca de uma antiga raiz atingida por um raio. O filme será exibido às 19h30 e foi premiado em janeiro no Festival de Cinema de Tiradentes (MG), um dos mais importantes do país. No dia 4 de março será exibido o documentário Parque Oeste, sobre a desocupação violenta do bairro ocorrida em 2014.
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