A cidade continua a mercê dos revoltosos do jaleco branco e o fato é que os dirigentes classistas vão recrudescer ainda mais as manobras para reaverem os seus poderes.
Enquanto isso, a população que depende do sistema público de saúde, luta para encontrar uma vaga na agenda dos insurgentes. E que nos próximos dias 30 e 31 de julho, eles voltarão às ruas, para tentar conquistar simpatia da população. Vão bradar contra os vetos ao Ato Médico, a MP que criou o programa Mais Médicos e a chegada de médicos estrangeiros.
Simultaneamente, as entidades médicas estão com as garras e os dentes à mostra, dispostos a tudo para retomarem as rédeas do setor. A Associação Médica Brasileira, por exemplo, apresentou, novamente, ao Supremo Tribunal, a terceira ação judicial pela anulação do projeto. Seria hilária a tese defendida pela Associação, caso não revelasse um universo trágico do egoísmo e da total desconsideração pelo próximo.
A AMB questiona a falta de urgência e relevância do programa Mais Médico e a vinda de médicos estrangeiros. Outras duas ações de inconstitucionalidade, com a mesma argumentação, foram apresentadas anteriormente. Uma pelo Conselho Federal de Medicina; outra pelo polêmico deputado federal carioca Jair Bolsonaro.
Corporativismo à parte, a Opas, braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas, divulgou, na última terça-feira, nota em que apoia o programa do governo federal para diminuir o déficit de médicos. Para a entidade, as medidas são corretas, pois países que têm os mesmos problemas e preocupações do Brasil estão colhendo resultados da implementação dessas medidas. A Opas, também, defende a proposta de ampliação dos cursos de medicina.
Hoje é o último dia para que os municípios brasileiros se inscrevam ao programa Mais Médico. Levantamentos do Ministério da Saúde indicam que apenas 19 das 23 cidades goianas com alta carência de médicos se inscreveram. Aguarda-se as inscrições de Abadia de Goiás, Iaciara, Luziânia e Nova Veneza. Há 17 dias o programa aguarda adesão dos municípios. Mas como bons brasileiros vão deixar tudo para a última hora.
Enquanto isso, uma legião de João, Maria, José e Mirian se acomoda em bancos desconfortáveis, ou até mesmo no chão, aguardando a boa vontade do senhor doutor médico. Seria interessante que todos se dirigissem para a sede do Conselho Regional de Medicina, em Goiás, no Setor Bueno e perguntassem ao psiquiatra Salomão Rodrigues por que só agora está preocupado em defender paciente.
Onde é que ele esteve nos últimos 40 anos? Afinal de contas o quadro atual da saúde pública era, praticamente, o mesmo dos anos de 1970, 1980, 1990 e 2000. Talvez, a estruturação da sua clinica psiquiátrica tenha lhe tomado muito tempo e não tenha percebido que o sistema de saúde nasceu morto. Apto apenas a carrear pacientes para os consultórios particulares.