Menos de um ano após desembarcar no Brasil, a canadense Dryworld viu seu sonho no mercado brasileiro praticamente ser encerrado. A fabricante de material esportivo chegou ao futebol nacional no começo de 2016, onde acertou com o Atlético-MG, posteriormente com o Fluminense, fechou parceria com o Goiás e, também, o Santa Cruz.
No entanto, a franquia brasileira da fabricante de material esportiva, representada pela empresa paranaense Rocamp, afundou numa crise interna. Com capital social em torno de R$ 1,5 milhão, a filial no Brasil da Dryworld virou alvo de mais de 400 protestos por dívidas, além de 500 pendências financeiras, sendo a maior parcela de dívidas de ordem bancárias. Contudo, como adiantou a reportagem do jornal mineiro Hoje em Dia, a maioria das pendências foram registradas entre os meses de março e maio deste ano. Justamente no começo das operações da empresa em solo canarinho.
A EMPRESA
A Dryworld foi fundada em 2010 por Brian McKenzie e Matt Weingart. A ideia dos ex-jogadores de rúgbi era criar um calçado que protegesse os atletas dos gramados encharcados. O salto da empresa aconteceu três anos depois, quando um estudo realizado por eles identificou que 75% dos atletas da National Footbaal League (NFL – liga profissional de futebol americano) usavam chuteiras de futebol. A estratégia da companhia foi realizar contratos individuais fornecendo materiais específicos para os jogadores.
No âmbito futebolístico, a incursão da Dryworld aconteceu em 2016. A proposta da fabricante de material esportivo era dar um novo salto financeiro para não depender exclusivamente dos atletas da NFL. No futebol inglês, a companhia acertou, no começo da atual temporada, contratos com Queen Park Ranger, da segunda divisão e o Watford, que atua na Premier League.
No fim de maio, o CEO da Dryworld, Claudio Escobar, assumiu que existem dificuldades com a distribuição dos uniformes. Ao site Globoesporte.com de Minas Gerais, o chefe-executivo disse que a empresa está enfrentando uma situação atípica. “Estamos em um país onde as coisas têm uma burocracia que cria algumas situações para as empresas. Colocamos jogadores brasileiros de caráter internacional como prioridade. Acredito que a gente está alcançando as expectativas. Nós não somos blindados das situações do Brasil e mundiais. Estamos aprendendo a contornar tudo isso de maneira rápida, com devido respeito que temos aos nossos clientes e parceiros, como é o Atlético-MG”, declarou.
GOIÁS EC
Com o Verdão a situação é a mesma dos demais clubes brasileiros. A equipe e a Dryworld firmaram contrato com validade de cinco anos – valor não revelado. Procurado pela equipe de reportagem do Portal 730, o Goiás não respondeu os contatos até o fechamento desta matéria. O que se sabe sobre o clube alviverde é que o problema aconteceu nas categorias de base. Os times amadores do Verde seguiram, até a primeira partida contra o Criciúma pela 2ª fase da Copa do Brasil sub-20, utilizando material da Kappa, antiga fornecedora de material esportivo do clube. Além de não ter recebido ainda peças exclusivas para baixas temperaturas. Como agasalhos, luvas ou calças de moletom.
Destacando também a falta de camisas à venda. A promessa era que em abril, o novos uniformes fossem colocados à venda. Mas somente em junho algumas poucas lojas disponibilizaram os mantos. Além disso, a loja oficial do Goiás, baseada na Serrinha, ainda não está pronta. No estádio Hailé Pinheiro, é possível comprar por R$ 229,90 uma camisa alviverde em um ponto de venda improvisado.
ATLÉTICO MINEIRO
No Brasil, a companhia chegou com pompa. Assinou contrato de cinco temporadas com o Atlético-MG. A negociação, no valor de R$ 100 milhões, é a maior da história do Galo. A chegada da Dryworld também foi providencial no elenco da atual temporada. A empresa entrou na operação que trouxe o atacante Robinho, que regressou ao Brasil após deixar o Guangzhou Evergrande, da China. A fabricante de material esportivo se ofereceu para bancar parte dos salários do atleta, além de custear a manutenção do centroavante Lucas Pratto, que recebeu propostas para deixar o clube.
Mas o que começou com a promessa de um acordo milionário, virou descontentamento com os problemas que começaram a surgir. A equipe mineira sofre com atrasos no fornecimento de material esportivo. Os jogadores das categorias de base, por exemplo, ainda estão entrando em campo com os uniformes da antiga fornecedora: a Puma. Para resolver o imbróglio, o Atlético-MG fechou com uma empresa, localizada em Três Pontas (MG), que assumiu a produção das peças da Dryworld. A nova fabricante já assumiu a produção em regiões de Belo Horizonte, que era administrado pelos canadenses, além da loja virtual do clube.
FLUMINENSE
O Portal Terra informou que a situação no tricolor das laranjeiras é semelhante aos demais clubes brasileiros. Depois de 10 anos recebendo uniformes da Adidas, o Flu rescindiu o contrato para assinar com a Dryworld. No acordo, os valores do acerto foram superiores de R$ 13 milhões, mas o montante pode subir, por temporada, cerca de R$ 6,5 milhões devido a cláusulas de premiações por conquistas e outras vantagens como objetivos cumpridos.
O primeiro desgaste com a empresa canadense aconteceu na fabricação dos primeiros uniformes. O logotipo do clube ficou distante do peito dos jogadores, o que foi corrigido pela fornecedora. A distribuição de materiais encontrou o mesmo déficit para atendimentos na venda dos novos uniformes aos torcedores.
SANTA CRUZ
Visando expansão no mercado brasileiro, a Dryworld procurou o Santa Cruz que também havia rompido contrato com seu antigo fornecedor, a Penalty. O Santinha, que retornou à Série A neste ano, confirmou o acerto com a empresa canadense em abril. Inclusive, a Dryworld ajudou a bancar a multa rescisória para o fim do contrato com a Penalty.
Entretanto, o clube coral vive a incerteza da continuidade do contrato. O clube ainda veste material da antiga fornecedora no time principal. O staff do Santa Cruz tentou, mais de uma vez, se reunir com os representantes da Dryworld, mas até o momento não foram apresentadas novidades sobre a situação do clube pernambucano.