Em meio ao período de seca e calor que assolou o Brasil nos últimos meses, e que causou consequentemente um aumento da conta de luz, a geração renovável de energia gerou 90,4% de toda a demanda elétrica brasileira entre os meses de agosto e setembro. Os dados fazem parte de uma pesquisa revelada pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR)
As fontes renováveis de energia são consideradas inesgotáveis, pois suas quantidades se renovam constantemente ao serem usadas. São exemplos de fontes renováveis: hídrica (energia da água dos rios); solar (energia do sol), eólica (energia do vento); biomassa (energia de matéria orgânica); geotérmica (energia do interior da Terra); e oceânica (energia das marés e das ondas).
Em contraste, as fontes de energia não renováveis são aquelas que são finitas e se esgotam. Para a maioria delas, a reposição na natureza é muito lenta, pois resulta de um processo de milhões de anos. São exemplos de fontes não renováveis de energia: petróleo, carvão mineral, gás natural e nuclear.
De acordo com a ABSOLAR, com base em dados a estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a fonte solar em específico representou 9,6% de todo suprimento elétrico do Brasil.
Bandeira vermelha
A partir deste mês de outubro, as Concessionárias de Energia Elétrica passarão a cobrar o patamar mais caro do setor, a bandeira vermelha patamar 2. Isso irá representar um adicional de quase 8%, com R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos no mês, resultado do acionamento de termelétricas fósseis emergenciais.
A Associação avalia que o cenário poderia ser ainda mais preocupante. Isso se deve principalmente por conta das fontes renováveis, que têm evitado uma escalada ainda maior na emissão de poluentes para a geração de eletricidade no País, considerando o atual momento de mais queima de combustíveis fósseis enfrentado pelo setor.
“Sem estas fontes renováveis, as tarifas estariam mais altas. o risco ao abastecimento seria maior e o ar estaria sobrecarregado com mais poluentes e gases de efeito estufa”, aponta Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, o atual cenário acende um alerta. De acordo com ele, existe a necessidade de reforçar o planejamento e os investimentos na infraestrutura do setor elétrico, sobretudo em linhas de transmissão e novas formas de armazenar a energia limpa e renovável, gerada em abundância no País.
“O uso da energia renovável combinada com tecnologias de armazenamento pode aliviar ainda mais a pressão sobre as tarifas de energia elétrica e o consequente aumento na inflação, que corrói o poder de compra das famílias e a competitividade dos setores produtivos. Neste cenário, a energia solar é uma das melhores soluções para se proteger das bandeiras tarifárias. E, assim, aliviar o bolso dos brasileiros, diante de um cenário hídrico cada vez mais desafiador”, conclui Koloszuk.
Energia renovável ultrapassa os 40% da eletricidade global em 2023
Em 2023, a geração de eletricidade a partir de fontes renováveis atingiu mais de 40% da eletricidade global, produzida por fontes limpas, incluindo 14% proveniente de energia solar e eólica. Segundo relatórios da BloombergNEF (BNEF), 91% das novas capacidades de geração de energia em 2023 vieram de fontes renováveis, com apenas 6% provenientes de combustíveis fósseis, o menor nível já registrado.
“Vimos uma mudança radical na energia renovável em comparação a alguns anos antes. Agora não há dúvidas de que esta é a maior fonte de nova geração de energia, onde quer que você vá”, disse Sofia Maia, autora principal de Power Transition Trends 2024.
No primeiro semestre de 2024, os investimentos em energia renovável totalizaram US$ 313 bilhões, mostrando uma continuidade do impulso em direção à energia limpa. A energia hidrelétrica, solar e eólica dominaram a matriz energética global, com a solar e a eólica alcançando um recorde de 13,9% de participação.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 07 – Energia Limpa e Acessível
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