Goiânia é a cidade das feiras e o fato é que esse comércio informal pode esconder contravenções como receptação de roubo, contrabando e falsificação. A venda de produtos em barracas, seja de verduras e frutas ou de produtos artesanais, é comum na capital. As feiras têm dia, hora e local certos e o goianiense está mais que acostumado a abastecer sua casa com esses produtos.
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As feiras ganharam um novo impulso na administração de Pedro Wilson, de 2000 a 2004, quando o então prefeito, de forma ousada, retirou os camelôs do centro da cidade e os transferiu para o Mercado Aberto, uma feira permanente que funciona no Centro da capital, assim como o camelódromo da Rua 3 ou o de Campinas, onde são vendidos artigos importados.
O problema dessa quantidade de feiras de Goiânia é a falta de fiscalização. A maioria dos produtos vendidos nos camelódromos da capital é importada do Paraguai e muitos artigos são contrabandeados ou até mesmo fruto de roubo. Ali se vendem desde brinquedos, roupas e cosméticos a equipamentos eletrônicos de última geração. Não há, nesses locais, nenhuma preocupação com qualidade e provavelmente o Inmetro, a Vigilância Sanitária e o Procon não fazem ali as fiscalização que realizam regularmente nas lojas convencionais. Quem compra nos camelódromos da cidade está sujeito a adquirir produtos falsificados, impróprios para o uso ou roubados.
As feiras, que deveriam ser de produtos artesanais, se transformaram em vitrines de confecções e de sapatarias. Nas feiras da Lua, do Sol ou das Nuvens o que se vê nas bancas são imitações de produtos vendidos nas lojas, não produtos artesanais, como é a proposta inicial das feiras. A Feira Hippie, na Praça da Estação, a maior da América do Sul, abastece não apenas a Região Metropolitana com esses produtos industrializados, mas também o Norte e o Nordeste do país.
Todavia, estas feiras estão deixando de ser uma solução para o problema do comercio informal para se tornarem um problema ainda maior que os camelôs. Estão transformando Goiânia num centro de falsificações e de produtos roubados. E como os espaços das feiras já não suportam o grande número de feirantes, criou-se na cidade os centros comerciais populares que, além de abrigarem novos comerciantes, funcionam como filial da barraca da feira. Os feirantes, não satisfeitos com pontos em todas as feiras, mantém também lojas nesses centros comerciais populares construídos nas imediações das feiras.
Essa semana, a Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar) apreendeu roupas e produtos falsificados em diversas lojas que ficam ali nas imediações da Rua 44, no Setor Norte Ferroviário. Mas esse tipo de ação é rara e normalmente os comerciantes de feiras e lojas populares não são alvos de fiscalização.
A despeito do desenvolvimento econômico da cidade, não se deve deixar expandir esse comércio irregular, ilegal e predatório que vem afugentando da cidade os comerciantes tradicionais e transformando Goiânia na capital da roupa falsificada e do produto roubado.