A cidade transborda barracas e o fato demonstra a preferência pela informalidade. Goiânia é a capital das máfias, da poluição, da especulação imobiliária, das empreiteiras mandando em tudo. Pior, se orgulha do título e o exibe nas feiras. Não se calcula ao certo quantas são as feiras, entre autorizadas e clandestinas, mas o poder público perdeu as contas da quantidade de barracas.

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Os demagogos justificam o oceano de banquinhas como se elas fossem a salvação de desempregados. Estão mentindo. Banca em feira custa até 200 mil reais e raramente o dono atual é o mesmo que recebeu a concessão. Mais raro ainda é o proprietário ficar no batente durante as feiras.

O método é antigo: o cabo eleitoral do vereador ganhar um ponto e, depois, vende ou aluga o espaço. Numa feira como a da Praça do Sol, no Setor Oeste, o aluguel de uma banca pequena, com 2 metros de largura, é de 250 reais por dia. Nas calçadas da Rua 44, no Setor Ferroviário, um ponto rende 80 mil reais por mês. Na Feira Hippie, o mar de caminhonetes dos barraqueiros simboliza que a onda favorece a informalidade.

Qualquer feira provoca impactos terríveis. É um estrago no comércio, no trânsito, na vizinhança, no meio ambiente. O empresário que paga impostos e registra Carteira de Trabalho não consegue competir com sonegador. A praga da informalidade foi, ao longo dos anos, incentivada por ação e omissão das prefeituras e dos governos. Agora, o descontrole é total. A sonegação, também. Ao mesmo tempo, a ausência de políticas públicas inibe a capacidade empreendedora. Em vez de fazer de cada camelô um lojista, as autoridades insistem para cada lojista virar um camelô.