A cidade palpita e o fato é que é preciso sair do palpite. Quase ninguém sabe como foram construídas as pirâmides do Egito, mas elas atraem anualmente 14 milhões de turistas que atravessam o mundo para contemplá-las. O Brasil, com 8 mil quilômetros de praia, a Amazônia, o Carnaval e tantos eventos, consegue pouco mais de um terço dos visitantes que se rendem às pirâmides.

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Se alguém fizer o projeto de construir em Goiânia algo grandioso que traga lucro, claro que não na proporção das pirâmides, vai ser rechaçado com vigor. Afinal, qualquer coisa maior que o cocoruto de suas privilegiadas cabeças é tratada com desdém. Não é defesa do meio ambiente porque os ignorantes aceitam erguer um shopping a poucos metros de um rio. É a defesa do Plano Diretor, que assanhou a turba contra outro shopping apenas porque será necessário fechar rua pela qual ninguém anda. Os mais revoltados contra as mudanças são quem nunca leu o Plano Diretor, quem não sabe quais vias serão interrompidas nem muito menos onde está o próprio cérebro.

As novas ágoras, as mídias sociais, viraram o refúgio de bater em governante, seja o prefeito, o governador ou a presidente. Quem nunca teve coragem de criticar sequer a associação de moradores do bairro agora vai para o Twitter e o Facebook assacar contra a honra dos chefes de Executivo. É bom que critique, político deve ser realmente confrontado com opiniões divergentes. O preocupante é a ignorância. Debater com cabeça vazia é igual a chutar cachorro morto, uma dupla covardia.

Quando Iris Rezende construiu os monumentos nas praças do Ratinho e da Nova Suíça, muitos se levantaram contra. Hoje, são dois dos locais mais fotografados de Goiânia, referências para os visitantes. O pessoal que tenta impedir construção de shopping é o mesmo que vai aos centros de compras encher sacolas e se divertir. Eles podem ter entretenimento e negócios perto de casa. Os outros, não. E conhecer o Plano Diretor, muito menos. Os outros não podem encher sacolas, mas eles podem encher a paciência.