A cidade anda a passos lentos e o fato é que as consequências dessa da lentidão recai sobre os cidadãos. Em rankings de produtividade, o trabalhador brasileiro está nas piores posições: em 15º lugar na América Latina e na 75ª posição no mundial. A produtividade média do brasileiro é quase 20% da do trabalhador americano. Esse índice é apontado como causa do baixo crescimento da economia do país.

A medição não compara, no entanto, as condições de trabalho do cidadão brasileiro frente a dos outros países. E a diferença se apresenta logo no início do dia, no momento em que o indivíduo vai para o trabalho. Em Goiânia, o trajeto entre o centro e qualquer bairro da região considerada central não é coberto em menos de 30 minutos. Isso no conforto do carro. De ônibus, o tempo, no mínimo, dobra.

Quem mora nos setores mais periféricos da capital, em horário de pico, chega a gastar em média duas horas para chegar ao trabalho de ônibus e aquele trabalhador que vem das cidades vizinhas, mas que compõem a região metropolitana, não faz esse percurso em menos de três horas.

Quando chega ao trabalho, esse trabalhador que – saiu de casa de madrugada, esperou o ônibus em pé por pelo menos 20 minutos, entrou em um ônibus superlotado e veio espremido, sofrendo solavancos pelo caminho – já gastou parte importante da energia que dedicaria ao serviço. No fim do dia, a aventura se repete e esse trabalhador chega em casa estafado, tarde da noite, para dormir poucas horas e começar tudo de novo no dia seguinte.

Ao comparar o trabalhador brasileiro com outros trabalhadores que vivem em condições bem diferentes de trabalho o pesquisador ignora variáveis importantes e, de forma irresponsável, imputa a responsabilidade ao componente errado do sistema. Antes de cobrar produtividade do trabalhador, o poder público deve oferecer, no mínimo, melhores condições para se chegar ao trabalho.

É incrível como, nestes tempos modernos, o poder público em Goiânia ainda não conseguiu resolver problemas básicos da mobilidade urbana. Enquanto o mundo discute modelos sustentáveis de energia buscando melhorar a qualidade ambiental, Goiânia ainda não implantou nenhum modelo de mobilidade urbana e investe em obras de concreto que apenas poluem a cidade, mas não trazem nenhuma solução. O trânsito de Goiânia ainda vive no tempo da carroça.