(Foto: Rubens Salomão)

A visita do governador Ronaldo Caiado (DEM) à Assembleia Legislativa durante o primeiro dia de trabalhos extraordinários não serviu apenas para buscar o convencimento dos deputados estaduais e angariar votos para os seis projetos que deverão ser apreciados neste período, até o dia 31 deste mês. O momento marcou o primeiro confronto direto entre o governador e a oposição, liderada principalmente, na atual legislatura, pelos parlamentares reeleitos Gustavo Sebba e Talles Barreto (ambos do PSDB).

Quando respondia a questionamentos de deputados na reunião da Comissão Mista, Caiado ouviu e rebateu observações de dois ex-secretários extraordinários da gestão de Marconi Perillo: o próprio Talles, que coordenou o programa Goiás na Frente, e Lucas Calil (PSD), que teve passagem pela área de esporte.

Questionado por Talles Barreto sobre a reforma administrativa e a extinção das pastas extras, o governador disse que secretarias extraordinárias são “conchavos” e argumentou que o Estado precisa de secretarias nas áreas mais produtivas.

“O estado de Goiás, que tem uma das maiores tecnologias e uma das maiores áreas produtivas do estado, não tem secretaria da Agricultura. O que o povo ganha com uma secretaria extraordinária? Agora, o que o povo ganha com a secretaria de Agricultura? O que o povo de Goiás ganha com a secretaria do Esporte? O que o povo de Goiás vai ter na Secretaria da Cultura, a secretaria da Indústria e Comércio? Ou seja, nós estamos tirando aquilo que não serve ao povo e excluindo. O conchavo está lá, o povo está aqui. Então, nós não ampliamos despesas, pelo contrário, nós cortamos”.

O governador ainda jogou para os deputados parte da responsabilidade sobre o caos financeiro de Goiás. Citou a aprovação pela Assembleia de uma PEC que permitiu a não inclusão dos gastos com os inativos e Imposto de Renda no cálculo da folha de pagamento. Segundo ele, foi a autorização para a maquiagem contábil realizada pelo governo de Marconi Perillo.

A resposta foi dada depois de pergunta do deputado estadual Luis César Bueno (PT). Logo depois da reunião da Comissão Mista em que debateu com os deputados, o governador Ronaldo Caiado (DEM) afirmou à Sagres 730 que saiu satisfeito.

“É a coisa que eu mais gosto na minha vida, é também do Legislativo. Aqui é um momento especial, a gente fala com os colegas, a gente argumenta, tem contradita, cada um puxa pelo seu conhecimento. É o lado positivo da vida e que cada vez mais exige do estudo da inteligência de cada um”.

Já a oposição afirma ter saído da reunião com ainda mais munições contra o novo governo. O deputado Gustavo Sebba (PSDB) que coordenou os trabalhos na Comissão Mista. O deputado disse que o discurso de Ronaldo Caiado é um discurso eleitoreiro para poder justificar “uma letargia”, “uma incompetência”, ele criticou dizendo que Caiado, ao assumir o governo, tinha plena ciência da situação financeira, econômica e administrativa do Estado.

“Como que ele fala que não tem dinheiro para pagar dezembro se ele tem dinheiro para pagar janeiro? Então o que os servidores queriam é que ele pagasse dezembro e negociasse janeiro, isso pelo menos daria segurança e eles não perderiam um mês. Agora, o que governador está tentando fazer, recorrer superiores querendo jogar a culpa nos demais? A população não quer saber disso, acabou as eleições, a população quer que ele cumpra o que ele se comprometeu a fazer. Se estava um caos, ele sabia disso, segundo ele. Então eles propuseram saber nós estamos aguardando e o que a gente veio aqui hoje exatamente o contrário disso, a gente tem visto ações eleitoreiras”.

O líder do governo na Assembleia, deputado Bruno Peixoto (MDB), rebateu afirmando que a oposição tem que entender que os números apresentados são números reais, que a gestão passada ao Ronaldo Caiado, não conseguiu manter o equilíbrio financeiro do Estado.

“A primeira reforma administrativa, chegou a casa, com uma economia aproximadamente R$ 5 milhões durante o mandato do governador Caiado. É evidente que, de acordo com que se entra na secretaria, vai se descobrindo porque no período de transição não conseguiu a totalidade dos números reais das secretarias. Agora é que a equipe do Governo está tendo total e amplo acesso”.

Já chegaram à Assembleia Legislativa os projetos de reforma administrativa, revogação da Lei das Organizações Sociais em Goiás, indicação para o Conselho da Agência Goiana de Regulação (AGR), além do decreto que declara situação de calamidade financeira no estado. Todas as matérias estão com pedido de vistas na Comissão Mista e só poderão ser colocadas em votação a partir das 18h desta quarta-feira. O decreto de calamidade financeira também está sob vistas, mas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).