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O governador Ronaldo Caiado nomeou, nesta sexta-feira (20), o procurador do Estado, Rafael Borges, reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG) pelo período necessário à “restituição da instituição a uma condição de normalidade”. Rafael substitui Ivano Devilla que renunciou nesta quinta-feira (19).

De acordo com nota divulgada pela assessoria, Caiado tomou a decisão “com base na prerrogativa assegurada pelo estatuto da UEG, que confere ao governador do Estado de Goiás a definição de rumos para Universidade em situação de caos”.

Devila foi o segundo reitor a renunciar em seis meses. Em março, o então reitor Haroldo Reimer pediu afastamento do cargo depois de ter sido revelado que recebia bolsa de R$ 7, 5 mil do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Ele foi substituído pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Ivano Alessandro Devilla.

Na carta em que anunciar sua renúncia, Devilla alegou que sua interinidade no cargo se tornava longa. “Eu podia continuar com reitor interino, mas isso seria compactuar com o que sempre lutei contra. Seis meses é muito tempo para uma interinidade e a minha permanência gera ao governo estadual uma zona de conforto que não posso apoiar ou concordar”, disse o agora ex-reitor.

Ele afirmou que a UEG vive sua “maior crise em 20 anos”. Devilla reclamou que há uma “paralisia política que pode matar” a universidade. “Renuncio para que o futuro aconteça e com certeza estarei atualmente neste futuro como sempre estive no passado. É hora da comunidade universitária decidir sobre esse futuro e a interinidade no cargo de reitor está nos congelando no presente” (Veja a íntegra da carta abaixo).

Governo e ex-reitor concordam em um ponto, a severidade da atual crise vivida pela universidade. Na nota divulgada à imprensa comunicando a nomeação do novo, o governo afirma que “a situação financeira da UEG é muito grave” e que “mesmo com seu orçamento para 2019 aumentado em cerca de 30%, [a instituição] não têm conseguido fazer frente às suas despesas, que, a ser mantido o atual cenário de descontrole, devem passar dos R$ 317 milhões.”

Para o governo, o Conselho Superior Universitário não respondeu aos desafios do “descalabro administrativo”, que o vestibular de 2020 não foi garantido, e decisões judiciais não estão sendo cumpridas. “Em seis meses, dois reitores renunciaram, e a instituição está, neste momento, sem nenhum pró-reitor nomeado”, diz.

No texto o governo garante que nenhuma sala de aula será fechada; que haverá vestibular em 2019; e que os alunos terão assegurado seu direito à formatura e à continuidade da vida escolar. Ainda de acordo com a nota, o trabalho de reestruturação da UEG será conduzido “com total transparência e a máxima responsabilidade”.

“A UEG tem como destino a excelência e a responsabilidade com o ensino, pesquisa e extensão, e como centro formador de profissionais qualificados é fundamental ao pleno desenvolvimento de Goiás e do Brasil e ao enfrentamento das desigualdades regionais.” Não há previsão de realização da eleição para reitor, apenas a promessa de que ela será realizada assim que possível, “com a universidade saneada e pronta para servir a Goiás na plenitude das suas capacidades.”

O novo reitor

Rafael Gonçalves Santana Borges é graduado em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pós-graduado em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Assumiu o cargo de procurador do Estado aos 24 anos. Em outubro de 2018, ele participou da gestão da crise no Hospital de Urgências de Goiás (Hugo) após abandono repentino de Organização Social com suspeitas de fraude. É atualmente procurador setorial da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação, à qual a UEG é vinculada.

Texto atualizado às 15h10

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