Um ano após a morte do cronista esportivo Valério Luiz, a Secretaria de Segurança Pública vai determinar a apuração de denúncias de que policiais envolvidos na investigação teriam torturado o açougueiro Marcus Vinicius Pereira Xavier e forjado provas. Veja também a reprodução na íntegra do documento de nove laudas relatando irregularidades na investigação.
O que lê e vê nestas páginas é algo grave que vai evitar algo ainda mais grave. São documentos oficiais expondo detalhes do Caso Valério Luiz, o jornalista assassinado em 2012, em frente à rádio em que trabalhava, em Goiânia. Desde então, o que se viveu em Goiás foi um período que seria fonte de inspiração para o escritor tcheco Franz Kafka. Baseada em auê de imprensa, autoridades mandaram para a cadeia um empresário, Maurício Sampaio. Como o protagonista do livro “O Processo”, de Kafka, Sampaio não sabia porque estava sendo preso. Agora, o caso vai ser reaberto.
Franz Kafka nasceu em Praga (atual República Tcheca), na época integrante do império austro-húngaro, no dia 3 de julho de 1883. Exatamente 130 anos depois de seu nascimento, Kafka teria material farto para diversas obras, mas parece que, enfim, pode descansar em paz. Dois policiais militares, Ademá Figueiredo Aguiar Filho e Djalma Gomes da Silva, relataram ao governador Marconi Perillo fatos que merecem ser levados a sério. E Marconi os levou. O governador mandou a Secretaria de Segurança Pública e Justiça juntar as polícias Civil e Militar para, enfim, o caso ser desvendado. O que a sociedade pretende não é o holofote sobre um José K do século XXI, mas a verdade real.
Num ofício de nove laudas, reproduzidas integralmente na página 7 desta edição de A Rede, o advogado José Coelho de Oliveira, relata que os PMs Figueiredo e Da Silva pedem que “sejam adotadas urgentes e severas providências no sentido de apurar a conduta da Polícia Civil na investigação do midiático caso do assassinato de Valério”. Está no documento que “Desde o primeiro minuto seu pai [pai de Valério], o jornalista Manoel de Oliveira, bradou que sabia quem era o mandante, instantaneamente apontando Maurício Borges Sampaio”. Segundo o ofício, “Desde este momento as investigações foram conduzidas com o único propósito de provar a acusação de Manoel de Oliveira”.
O advogado Coelho considera outras hipóteses como teses que a polícia poderia ter observado, mas ela “não buscou nenhuma outra linha de investigação” além de tentar incriminar Maurício Sampaio. “Com a chegada do inquérito em juízo se pôde constatar que realmente não foi produzida uma diligência sequer no sentido de apurar o envolvimento de Sampaio no caso”. Apesar de não haver um fiapo de prova, apenas achismo facilmente derrubável, Sampaio foi preso mais de uma vez, pelos mais estafúrdios motivos, sem qualquer fundamento no mundo jurídico. É o que conclui o documento: “Meses de investigação só neste único sentido não produziram nenhuma prova”.
Acompanhe nesta página e nas seguintes a reprodução dos documentos.
Leia a reportagem na íntegra e veja os documentos na edição do jornal A Rede desta semana.