O Governo de Goiás veicula campanhas publicitárias nos meios de comunicação, como o propósito de prestar contas de suas ações, mas não consegue traduzir suas incursões publicitárias em valores. É isso mesmo, o Palácio Pedro Ludovico garante que divulga  suas ações, mas não sabe quanto elas custam. Sabe, entretanto, precisar que serão produzidas entre 12 e 16 peças publicitárias, com as quais pretende alcançar em 100% a audiência produzida pelos órgãos de comunicações.

A desculpa para o silêncio pecuniário é que o saldo das agências de propaganda, que prestam serviço à administração estadual, está no final e que o cenário estará mais claro a partir do dia 21 de outubro, quando serão abertos os envelopes com as propostas da nova licitação. Um texto que na realidade serve para um cenário, onde a transparência e o planejamento estratégico são sacrificados.

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A difusão de dados sobre obras governamentais teve início há cerca de seis meses com o lançamento da campanha Fazendo o melhor pra você, que acabou sendo carimbada como Campanha da Glória Pires. No desdobramento da proposta, a Agência Goiana de Comunicação (Agecom) preparou a campanha desta segunda etapa, que está sendo veiculada em mídias convencionais (Goiás mostra o que faz) e pela internet (Faz diferença).luis-gustavo-02

Conceitualmente, o titular da Diretoria de Tecnologia da Comunicação e Divulgação da Agecom, jornalista Antônio Augusto Passos Danin Júnior, consegue falar sobre a atual fase marqueteira de prestação das contas públicas e ainda defender elenco, textos, locações e sonoplastia. “A campanha atual é uma continuidade da longa institucional, que fizemos no início deste ano”. Aliás, Danin Júnior chama as peças protagonizadas pela artista global Glória Pires, que se casou, há duas décadas, com um goiano de Rio Verde Orlando Morais, e, atualmente, se divide entre Paris, na França, e Rio de Janeiro, no Brasil de credenciamento plástico e de conteúdo.

Miscigenação
“A escolha da artista (Glória Pires) se deu mais em virtude dela conhecer a realidade de Goiás e menos por ela ser uma atriz consagrada e famosa”, defende Danin Júnior. A questão é que na hora de pagar os R$ 730 mil à artista, o peso maior foi a massiva diluição da sua imagem, que à época havia sido feita pela novela global na faixa das 19 horas.

Talvez pela baixa nas reservas dos seus saldos junto às agências, o governo, agora, aposta em um elenco mais barato e interestadual, uma vez que, a rigor, não faz diferença para quem decora um texto para interpretar. Entre os seis atores do Goiás mostra o que faz estão seis atores percorrendo o Estado e em sua maioria moradores além do Paranaíba: dois mineiros (Cristiano Cunha e Giulia Puntel), dois cariocas (Lucas Franco e Mariana Coutinho) e dois goianos (Janaína Viana e Serjão Bastos).

Custo
O custo de cachês, assim como o de toda produção, são itens guardados a sete chaves. E olha que a reportagem não poupou esforços para trazer luz à situação. Tanto em diversos setores governamentais, quanto nas próprias agências, o assunto é tabu e como tal é tratado.

“É impossível calcular o preço, pois vamos fazer de 12 a 16 filmes, cada um mostrando um tipo de realização. Vai depender do orçamento. Como o saldo desse ano, que foi renovado em outubro do ano passado, agora, em outubro, está finalizando. E acabou o nosso saldo. Por isso a gente precisou distribuir entre várias agências. Então nós devemos ter uma renovação do saldo para continuar fazendo a comunicação oficial do governo e vamos ampliar essa campanha porque ela não está completa ainda. Nós precisamos passar tudo o que foi feito dentro dessa campanha até meados de outubro”, estima o diretor.

O governo diz que está no final o saldo contratual das agências do governo. Está marcada para o dia 21 de outubro, às 9 horas, uma sessão da comissão de licitação da Agecom, para o recebimento dos envelopes com as propostas técnica e preços das agências interessadas em prestar serviço de publicidade ao Estado. Na prática, é o canal de renovação do saldo das agências e a possibilidade de continuar o que não está terminado.

Grão em grão
O truque o espicha dinheiro, entretanto, não parece estar restrito apenas entre Agecom e agências publicidades. Considerando o Diário Oficial do Estado, em sua edição do último dia 14 de agosto, o Palácio Pedro Ludovico enviou R$ 18 milhões ao Detran, por meio da Secretaria de Cidade, a título de crédito suplementar, como propósito de reforçar a publicidade de utilidade pública do órgão de trânsito. A assessoria de imprensa do Detran assevera que o dinheiro, necessariamente, não precisa ser utilizado pelo órgão, sugerindo que o serviço pode ficar à cargo da Agecom.

A criação e a produção da Goiás mostra o que faz ficaram concentradas em uma agência apenas, a Agência Multiface de Propaganda Ltda, ou seja, a AMP, onde a esposa de Danin Júnior, a gerente de contas Ecilene Camargo, integra a equipe de atendimento da empresa já há dez anos.

A AMP, por sua vez, terceirizou a produção de 11 peças, que saíram do forno antes do previsto. Cerca de 30 pessoas trabalharam entre o dia 19 de agosto e 3 de setembro, diminuindo em seis o número das diárias previstas para fechar a primeira remessa da campanha, que foi dirigida por Fernando Batista, da Noir Filmes, de Belo Horizonte.

O diretor de Divulgação da Agecom localizou o papel de suporte das demais agências. “Como a mídia é a parte mais cara, ela está dividida entre outras agências, porque a AMP, que é a agência que produziu, não tem mais o saldo, e nós utilizamos outras, que é a Logos, Central Estratégica e a Box”.

Cada peça da Goiás mostra que faz é veiculada por quatro dias em emissoras diversas (TV e rádio) pretendendo alcance a várias faixas de público. Por um canal no Youtube, o Faz diferença, que também virou página no Facebook, escoam vídeos paralelos aos filmes da campanha convencional, Goiás mostra que faz. O adendo não estava nos planos. Complementa um objetivo de comunicação que é a prestação de contas. Inicialmente não havia o planejamento dessa campanha. Ela surgiu de brainstorming, de discussões a respeito do meio internet, justifica o diretor de Divulgação do governo, que, durante toda a entrevista concedida ao Portal 730, só não divulgou quanto custa ao Estado mostrar que faz.