Parece notícia velha. No primeiro dia útil de junho (3), o Portal 730 divulgou que, só para shows do mês anterior, o governo estadual destinou quase R$ 4 milhões – dado semelhante ao que se informa agora, relativo a gastos do final de julho e mês de agosto. Não parou por aí. Noutra reportagem, em julho, uma revisão atualizou as contas até a primeira quinzena daquele mês. Fatura de R$ 13,1 milhões e, de lambuja, decreto do governo anunciando abertura de crédito suplementar à Goiás Turismo no valor de R$ 10 milhões.

Em 16 de julho, a mesma mão que deu, tirou. O governador Marconi Perillo proibiu o pagamento de shows pelo Estado, fosse por iniciativa própria ou a pedido de deputados. O conceito da decisão, sob ressaca da onda de manifestos que se espraiou pelo País, foi de que as emendas parlamentares deveriam ser utilizadas para atender os municípios em suas questões prioritárias.

A decisão foi celebrada ao som de Humberto e Ronaldo, que no mesmo 16 de julho apresentavam-se na Exposição Agropecuária de Pontalina, por R$ 150 mil reais e em consequência de emenda parlamentar do deputado estadual Cláudio Meirelles (PR), que não mediu esforços para beneficiar “a cidade”.

Aspas
É tão “legítima” para “a cidade” a importância de iniciativas como a de Cláudio que, no dia 29 após o show, a prefeitura de Pontalina agradeceu via site oficial o empenho do deputado estadual (com secundários danos gramaticais primários e, mais relevante, ferindo com leviandade o interesse público):

“Na campanha eleitoral do Prefeito Milton Ricardo, surgiu um nome pouco conhecido por nos pontalinenses, naquele dia nos conhecemos então, um homem de discurso firme e sabias palavras, subia pela primeira vez e um palanque em Pontalina, o deputado estadual Cláudio Meirelles, ali naquele dia surgia um parceiro incondicional do prefeito Milton Ricardo.

Agora recente prefeito solicitou ao deputado as emendas para trazer a Pontalina 3 shows de nível Nacional de portões abertos, onde o deputado junto com o Governo de Goiás e Goiás turismo se disponibilizaram a ajudar a trazer os shows, assim ficou combinado, mas com uma interferência negativa de políticos Pontalinenses com cargos no governo, se colocou em jogo a possibilidade de ser negada pelo governador as emendas colocadas por Claudio Meirelles, onde com fofoquinhas e mentiras de baixo nível os fofoqueiros de plantão, tentou impedir a possibilidade da realização dos shows, como esta sendo o q eles anda fazendo de melhor, tentar impedir o que Pontalina consegue junto ao governo de Goiás, mas brilhantemente, o deputado interferiu junto ao governador, que também quer o melhor pra Pontalina e esclareceram os fatos.”

O “nível Nacional” a que se faz menção inclui Israel Novaes, que brilha na foto, ladeado pela primeira-dama Maria Aparecida Alves de Paiva, pelo prefeito e ainda pelo deputado “Claudio Meirelles, o amigo de Pontalina”, como “acerta” em cheio o título do texto institucionalíssimo.

Em agosto, quando a Agência Goiana de Turismo (Goiás Turismo) criou o hábito de divulgar a fonte parlamentar responsável por intermediar o pedido do município e o aval do governo para a realização do show, reportagem da Rede Clube de Comunicação avaliou que quase R$ 3 milhões tinham sido liberados para atender a demanda de deputados da base aliada.

Voltamos a apresentar
De volta ao assunto da suspensão dos shows por parte do governador, a mão que os tirou do palco no discurso, os recolocou na prática.

Alessandro Gomes cantou em Trombas, dia 18 de julho, por R$ 45 mil, a pedido de Túlio Isac (PSDB), enquanto Rick e Renner foram a Campinorte graças à dupla de deputados Hélio de Sousa (DEM) e Júlio da Retífica (PSDB) e ao cachê de R$ 100 mil; na mesma data, Marcos Mafra, em posse de contrato de R$ 70 mil, agitou Posse; Racyne e Rafael se apresentaram em Itapuranga, 19 de julho, por R$ 50 mil; Marcos e Fernando fizeram show no distrito de São José dos Bandeirantes, dia 20 de julho, também por R$ 50 mil, ao mesmo tempo que Carlos e Jader ganhavam o dobro em Britânia, na custódia de Iso Moreira (PSDB). Parágrafo de R$ 415 mil aos contribuintes goianos.

Não para
Até o fim do mês de agosto, dentro do que foi divulgado pelo Diário Oficial do Estado, ainda foram liberados mais R$ 3.389.595 por meio de despachos da Agência Goiana de Turismo. Na brincadeira do “só mais esse”, já se vão R$ 3,8 milhões desde que o governador havia falado que era proibido financiar shows com verba pública pelos próximos meses. Ou será que ele disse que é proibido proibir e os ouvidos a sua volta se enganaram?

Das dúvidas, a certificação: o bis desse show tem um custo milionário ao público pagante. E os gritos de “mais um”, que não partem do contribuinte, é por tempo indeterminado. Até a próxima atualização de valores!