A cidade coleciona corpos tombados pela violência e o fato vai piorar. Agentes e escrivães da Polícia Civil receberam adesão de integrantes da Polícia Científica. A sociedade já não conta que os crimes que a acometem serão solucionados, agora nem para recolher cadáver o serviço público vai se mover. A radicalização começou com sindicato clandestino na Câmara de Vereadores em nome da Educação de Goiânia. Como setores da imprensa passaram a mão na cabeça dos vândalos, outros sindicalistas fizeram o óbvio, imitaram a covardia.
Para os supostos representantes, não importa que 80 mil crianças esteja sem aula. São 80 mil pais, 80 mil mães, 160 mil responsáveis que não podem ir ao trabalho por não terem com quem deixar a filharada. Ou vão ao serviço deixando as crianças à mercê de bandidos. Já houve, inclusive, a morte de uma menina que foi à escola, o portão estava fechado pelos grevistas e ela ficou na rua. Em em vez de a família receber sua criança com um dia a mais de instrução, recebeu o corpo com três dias de decomposição.
Os corpos em decomposição fazem parte das promessas do líder da greve nas Polícias Civil e Técnico-Científica. Num ano pré-eleitoral, alguns desumanos precisam das cenas dos parentes chorando ao lado do cadáver. O chefão do movimento fala em deixar os corpos durante até 72 horas à espera do carro do IML. Não há palavras para descrever uma brutalidade dessas, mas há uma atitude a ser tomada: radicalizar contra os radicais. O líder grevista enfrenta processos administrativos e deve ser retirado de circulação. Não pode ser servidor público porque esse tipo de gente não serve para o público. Os goianos pagam impostos para sustentar a manada e o que recebe em troca é o filho sem aula, o crime sem apuração, o cadáver do familiar ao dispor dos urubus.
Alguém, algum dia, vai ter a coragem de enfrentar os malfeitores do serviço público. Tomara que esse dia tenha chegado e que o prefeito Paulo Garcia e o governador Marconi Perillo sejam intransigentes com quem explora a dor alheia. A maioria dos professores e dos policiais civis é gente de bem, é gente ordeira, que quer trabalhar. Tem suas reivindicações, que são justas, mas isso não inclui deixar criança morrer sem aula e famílias competindo com moscas e urubus ao velar os corpos de seus mortos.