Foto: Ricardo Stuckert
O candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad (PT), disse nesta terça-feira (9), na capital paulista, que está aberto a incorporar propostas de Ciro Gomes (PDT), terceiro lugar no primeiro turno, em seu programa de governo. Ele falou sobre o assunto após participar de reunião com governadores da Região Nordeste em um hotel na zona sul paulistana em que discutiu estratégias e propostas para a campanha.
“Eu conversei ontem com o Roberto Mangabeira Unger [representante de Ciro] e disse a ele que estaria aberto a incorporar propostas que fossem compatíveis com os princípios [do PT]. E não há incompatibilidade entre os programas”, disse o candidato. Haddad destacou ainda que as diretrizes dos programas são similares, entre elas: soberania nacional, soberania popular, direitos trabalhistas e direitos sociais. “Enfim, os dois programas estão muito afinados”, acrescentou.
Entre os governadores eleitos ou reeleitos presentes estavam Wellington Dias, governador do Piauí; Camilo Santana, governador do Ceará; Rui Costa, governador da Bahia; Flávio Dino, governador do Maranhão. Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, e Jaques Wagner, senador eleito pelo PT na Bahia também participou. Wagner passou a integrar a coordenação da campanha. Amanhã (10), segundo Haddad, o PT irá se reunir com governadores do PSB, partido que oficializou hoje (9) apoio ao petista.
Segundo Haddad, durante a reunião com os governadores, foram discutidas propostas “sensíveis ao Nordeste”, como a questão da segurança pública e da saúde. “A Polícia Federal vai passar a atuar no próximo governo contra o crime organizado nacionalmente. A ideia é que nós avancemos no programa que foi apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral [TSE] com a ideia de que parte grande do crime hoje tem organizações nacionais”, apontou. No tema da saúde, ele disse que vai criar policlínicas para oferta de serviços de especialidade e cirurgias eletivas.
Gratidão
Em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, Haddad descartou hoje a possibilidade de se afastar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril em Curitiba. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que Lula pediu que Haddad se dedique mais à campanha e deixe de visitá-lo. Porém, ele avisou que: “Não cospe no prato que come”.
Para o candidato, o ex-presidente é uma referência para todos. “Lula é um grande líder e foi o melhor presidente que o país já teve. O Brasil teve bons presidentes, mas ele foi o melhor. Nessa condição, ele pode contribuir muito.”
Ao ser questionado se manterá atenção aos conselhos de Lula, ele reiterou sua lealdade ao ex-presidente.
“Eu não cuspo no prato que eu comi e jamais farei isso”, afirmou o candidato. “Outra coisa é que eu não compartilho com injustiça mesmo que eu fique sozinho. Se eu ficar sozinho defendendo uma posição justa, eu prefiro do que ficar com 100% defendendo uma posição injusta. Eu só cheguei ao segundo turno por defender o projeto que Lula representa.”
Para Haddad, a sociedade como um todo tem uma cota de responsabilidade sobre a democracia e a liberdade. Segundo ele, tem três semanas para defender o projeto que ele acredita: do bem-estar do Estado, preservando os direitos e buscando melhor qualidade de vida. “Estou muito disposto a brigar pela vitória.”
Apoio de João Goulart
Candidato à Presidência que ficou em último lugar no primeiro turno das eleições, o filho do ex-presidente João Goulart, João Goulart Filho (PPL), declarou hoje (9) apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) durante o segundo turno. Segundo ele, apesar de diferir em “muitos pontos” do programa do PT, o “risco de uma nova ditatura” de um eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL) é maior.
O apoio ao candidato petista foi divulgado pela assessoria de imprensa de Goulart Filho, mas o partido ainda não divulgou um posicionamento oficial. João Goulart Filho disse que cresceu no exílio durante a ditadura militar e que, por esse motivo, tem a obrigação de repudiar regimes ditatoriais.
“Sabemos como as ditaduras começam, nunca sabemos quando terminam. Estamos prontos para caminhar juntos. Por isso, apesar de nossas diferenças, eu voto em Haddad para derrotar Bolsonaro”, escreveu o candidato. Ele propõe o voto em Haddad afirmando se posicionar “contra a ditatura, a opressão e o ódio às minorias”.