Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

Híbridos x convencionais: especialista avalia custo-benefício e futuro dos carros elétricos no Brasil

Em entrevista ao Sistema Sagres, o pesquisador especialista em carros elétricos, Gabriel Biachin, trouxe uma análise detalhada sobre a manutenção, autonomia e benefícios dos veículos híbridos em comparação com carros convencionais e elétricos puros. A conversa destacou as vantagens e desafios desses veículos, que se posicionam como uma alternativa intermediária na transição energética.

Biachin explica que, embora os híbridos ofereçam vantagens ambientais, a manutenção tende a ser mais complexa pela integração de dois sistemas distintos. “Os carros híbridos têm mais peças, já que somam ao conjunto a combustão todo o sistema elétrico – motor, bateria e peças de conexão”, observa. No caso dos modelos plug-in, há ainda o acréscimo de um carregador interno para recarga em tomadas.

Apesar de algumas peças elétricas seguirem os padrões de mercado, o especialista alerta para um componente específico que pode elevar os custos. “A conexão com a tração do veículo é feita por engrenagens planetárias, que coordenam a força de ambos os sistemas. Isso pode representar um custo mais elevado para reparo.”

Autonomia e uso

Quando questionado sobre a autonomia dos veículos híbridos, Biachin aponta que a variabilidade entre os modelos é grande. “Há baterias com autonomia de 50 km, mas alguns modelos de luxo podem alcançar até 180 km. No entanto, esses veículos estão fora do alcance do consumidor médio”, explica. Ele também destaca que o híbrido não foi projetado para substituir totalmente os veículos a combustão, mas para complementar a oferta existente.

Uma das principais vantagens dos híbridos, segundo Biachin, é a flexibilidade no uso de energia. “Nos modelos plug-in, o consumidor pode optar por recarregar na tomada, enquanto os não plug-in dependem unicamente de combustível.” A transição entre o motor elétrico e o motor a combustão é praticamente imperceptível. “Em alguns modelos, o motorista pode escolher qual sistema deseja priorizar.”

A entrevista também abordou as questões ambientais associadas aos híbridos. “Eles poluem menos do que veículos a combustão porque o motor trabalha em condições mais estáveis e eficientes”, afirma Biachin.

No entanto, ele ressalta que os veículos elétricos ainda são superiores nesse quesito. “O carro elétrico tem emissão zero durante o uso. A discussão se amplia quando analisamos a matriz energética de cada país, pois enquanto no Brasil a energia é majoritariamente limpa, em outros lugares ela pode ser gerada a partir de carvão.”

Infraestrutura e crescimento do mercado

A infraestrutura de recarga ainda limitada é vista como um entrave ao avanço dos carros elétricos no Brasil, mas não um bloqueio definitivo. “Embora a maioria das recargas seja feita em casa, o crescimento do mercado pode ser freado sem pontos públicos de recarga”, explica Biachin.

Nesse contexto, o híbrido apresenta uma vantagem: “Ele permite que o motorista continue usando a rede de abastecimento tradicional, sem depender exclusivamente da infraestrutura elétrica.”

Biachin finaliza a entrevista destacando que a escolha entre um veículo híbrido e um elétrico puro dependerá muito do perfil do consumidor. “A flexibilidade de alternar entre gasolina e eletricidade é, de fato, um atrativo. Mas é importante considerar que o híbrido é mais complexo e possui custos de manutenção mais altos.”

Ele conclui com uma reflexão: “Cada consumidor precisa avaliar se a baixa autonomia elétrica e a complexidade dos sistemas trazem um benefício real para seu dia a dia.”

Com o aumento da conscientização ambiental e o avanço gradual da infraestrutura, o futuro do mercado automotivo parece seguir rumo a uma coexistência entre tecnologias. Porém, como Biachin sugere, “o caminho será trilhado com base na experiência de cada usuário e na adaptação das montadoras às necessidades dos consumidores”.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 07 – Energia Limpa e Acessível

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