No último dia da Semana de Planejamento pedagógico 2024/1 a pauta foi a inclusão de estudantes indígenas. Promovida pela Secretaria de Inclusão da Universidade Federal de Goiás, o evento ocorreu entre os dias 11 e 14 de março, com atividades internas e abertas à comunidade.

A palestra teve como convidadas as professoras Joana Aparecida da Silva e Katiúscia Teixeira da Costa, ambas associadas ao curso de Educação Intercultural da instituição. O tema centrou-se nos “Saberes necessários para uma atuação inclusiva e acessível para estudantes indígenas no ensino superior”.

Em outro momento, Liliene dos Santos, Coordenadora administrativa da Diretoria de Ações Afirmativas da SIN, discorreu sobre “Mulheres indígenas na UFG: inclusão nos cursos de gradução regulares”, e, em seguida, Kiga Boé, estudante indígena compartilhou suas conhecimentos e vivências que dialogam com sua participação na Universidade.

Educação indígena

Durante a palestra, foi ressaltado o quão indispensável é a presença da diversidade cultural e linguística dos povos indígenas do Brasil. Outro ponto fundamental, destacado pela professora Joana, foi referente às diferenças entre a educação escolar eurocêntrica e a tradicional nas aldeias, dado que a primeira invisibiliza e tende a excluir a relevância desta última. Conforme a docente: “A educação escolar colonialista promove o epistemicídio, é desrespeitosa com os costumes, monolíngue e autoritária”.

Sobre as dificuldades dos estudantes indígenas na Universidade, como a adaptação, desafios sociais e o obstáculo na comunicação devido a diferença do idioma, a educadora declarou que a instituição deve se preparar para que exista um acolhimento pleno, com auxílio na alimentação, saúde e moradia.

A interculturalidade foi apontada como caminho para a boa convivência, além de que é imprescindível a adaptação estrutural e de processos na educação, a fim de assegurar o respeito à diversidade e promover a igualdade de oportunidades, conforme a professora.

Estudantes indígenas

A mestranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos da UFG (PPGIDH), Liliene dos Santos, tem como objeto de sua pesquisa as políticas de ações afirmativas da Universidade para o ingresso e permanência de mulheres indígenas nos cursos regulares de graduação. Ela palestrou sobre as suas observações de sua dissertação, ainda em andamento.

Foram apresentadas as principais características contidas em um trabalho acadêmico, como objetivos, metodologia, fundamentação, por exemplo. Um dos elementos essenciais, isto é, sua questão-problema, centra-se na consideração da equidade de gênero e interculturalidade, relacionadas às políticas institucionais para a inclusão de mulheres indígenas na UFG.

Uma abordagem crítica faz parte da estratégia de Liliene para uma compreensão plena das complexidades relativas às políticas e à garantia de inclusão, fundamentando-se nos direitos humanos, na interculturalidade e nas ações afirmativas.

A coordenadora também enxerga a responsabilidade da Academia, em um processo de sensibilização, na garantia do exercício pleno da cidadania por parte da mulher indígena, ou seja, que não somente o acesso à Universidade seja possível, mas o apoio e garantia de sua permanência no curso escolhido também.

Sua pesquisa indica a participação de mulheres indígenas em 29 cursos pelo UFGInclui, com predominância no curso de Medicina Veterinária.

Comunicação sem barreiras

Para se ter como referência, o português é a segunda língua dos universitários indígenas, de acordo com a acadêmica Kiga Boé. Ela apontou casos pessoais e de pessoas indígenas próximas para exemplificar dificuldades na adaptação cultural e de idioma.

A discente também discorreu sobre os obstáculos no exercício acadêmico dos estudantes, considerando aspectos como vida social, acadêmica e renda. As assistências oferecidas pela Universidade foram consideradas por ela como indispensáveis na permanência.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria destacam-se: ODS 4 – Educação de Qualidade; ODS 5 – Igualdade de Gênero e ODS 10 – Redução das Desigualdades.