Fábio Virgínio de Lima, o novo camisa 10 do Atlético, tem se destacado nas últimas partidas do time rubro negro. O meia Fábio Lima chegou ao clube em 2011, saiu por empréstimo por dois anos, e retornou nesta temporada. O jogador concedeu entrevista exclusiva ao repórter Juliano Moreira, da Rádio 730, e revelou detalhes de sua vida na infância, de sua carreira, das dificuldades e de suas preferências.
Direto de Araçagi, interior da Paraíba, Fábio Lima de descreve em uma palavra: “Humilde”. Hoje, ele mora no CCT do Urias Magalhães, no próprio alojamento do clube goiano. Ele não tem carro e não gosta de sair em Goiânia, prefere programas caseiros e sem muita badalação. O jogador, de 20 anos, tem contrato com o Atlético até 2016 e acredita que ainda precisa melhor bastante para se tornar realidade no futebol.
“Esse negócio de realidade, eu espero ter um campeonato inteiro para jogar. Eu cheguei aqui no Atlético faltando 10 rodadas, estou com uma sequência boa, mas não é a mesma coisa que começar de uma pré-temporada, um Campeonato Goiano, a Série B. Eu espero no próximo ano continuar aqui para fazer uma temporada boa para eu virar uma realidade porque eu acho que eu não sou realidade ainda. Eu não passo de uma promessa que está trabalhando para virar”, destacou o atleta.
Se tornar um grande jogador de futebol é um sonho de todo garoto, certo? Errado. O sonho de Fábio Lima era ser policial, mas ele revela que não seguiu carreira por não se sair bem nas notas da escola. Ele frisa que sempre jogou bola na infância, mas nunca teve vontade de se profissionalizar.
“Quando se é novo, sempre joga bola. Eu não queria ser jogador, tinha uma impressão ruim porque ficava mascarado, mas o tempo nos ensina algumas coisas e eu precisava sair de casa para tentar alguma coisa e futebol é a única coisa que eu sei fazer. Espero melhorar daqui para frente”, disse Fábio Lima.
Infância
Fábio Lima mostrou ser um rapaz ligado à família, já que em várias respostas citou seus pais como referência. Ele destacou que nunca teve uma vida de luxo, mas que também nunca chegou ao extremo de passar fome. “Eu passei algumas dificuldades, mas nunca passei fome, meus pais sempre me deram de tudo. Não tinha a fartura de comprar a roupa que eu queria, uma chuteira que eu queria, mas eles sempre lutaram para me dar o melhor”, comentou.
Ele revelou que trabalhou na agricultura quando era pequeno para ajudar em casa. O pai e a mãe trabalham com isso até hoje. Ele conta que no começo de sua carreira como jogador, seus pais tiveram que tirar dinheiro de casa para ajudar nas despesas com seu empresário, em relação a viagens e outras contas que precisavam ser pagas para se manter no meio do futebol.
Dificuldades
Muitos jovens tentam, mas só alguns conseguem ingressar na carreira de jogador de futebol. Fábio Lima aconselha os atletas que estão surgindo a não desperdiçar a chance de se tornar um profissional da bola porque essa chance é, às vezes, a única saída para uma vida melhor longe de drogas e bebida.
“Quem tem a oportunidade de jogar futebol e entra no mundo das drogas, da bebida, tem que pensar melhor porque é uma oportunidade maravilhosa. Se você largar o futebol, vai ser muito pior. Espero que essas pessoas que entram no mundo das drogas no futebol tenham uma consciência melhor e pare com isso porque só vai prejudicar”, considerou o jogador.
Antes de retornar ao Atlético, Fábio estava atuando no Vasco da Gama, no Rio de Janeiro. Ele conta que viveu vários problemas no clube carioca, como ter sido deixado de lado quando fazia boas atuações, ou mesma a falta de assistência com transporte e moradia. Mesmo com esses problemas, Fábio Lima declara que sempre se ergueu para continuar jogando futebol.
“Eu nunca pensei em parar porque eu sei da minha qualidade, sei o que eu posso fazer, sei do meu potencial, mas a gente fica chateado com algumas pessoas que fazem isso porque quando a gente joga, a gente sabe se jogou bem ou se jogou mal. Nos jogos no Vasco que eu joguei na minha posição, eu acho que fui bem”, afirmou.
Sonho no futebol
Após o sonho de ser policial ter sido frustrado, Fábio Lima passou a ter um novo objetivo na vida: disputar uma Copa do Mundo. ”Meu sonho é ter uma vida boa, que eu possa ajudar minha família e que eu possa ficar tranquilo. Sonho de chegar a uma Copa do Mundo, mas isso ainda está muito longe”, frisou.
Ele declara que sempre jogou como meio de campo, a não ser quando teve uma passagem rápida pelo São Paulo e foi utilizado na lateral esquerda. Seu maior ídolo é o atacante Ronaldo, mas considera que suas características dentro de campo se parecem com a do meia Cícero, atualmente atuando pelo Santos.
‘No dia em que saí de casa’, da dupla Zezé di Camargo e Luciano, é a música preferida do jogador. Essa música, segundo ele, lembra a sua trajetória ao sair de casa e tentar a vida fora. Infância difícil, um começo de carreira com problemas e sonho de se tornar um grande jogador brasileiro. Essa é a vida do garoto Fábio Lima.