Segundo do IBGE, em Goiânia, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro ficou em 1,22%, segunda maior alta do ano após a alta de 1,41% em novembro. Com isso, o índice acumula, na capital goiana, variação de 4,33%, semelhante ao acumulado de 2019 (4,37%).

Em entrevista ao Sagres Online o Chefe do IBGE Goiás, Edson Roberto Vieira, salientou que esse aumento não era esperada no início de 2020. “No começo do ano tivemos alguns meses de 2020, em Goiânia e também no Brasil, com deflação. Em abril e maio nossa inflação não chegava a um por cento e depois tivemos um repique nacional e também aqui em Goiânia, que nos fez alcançar esse patamar de mais de quatro por cento”, afirmou.

A alta inflacionária em Goiânia foi pressionada novamente pelo aumento dos preços no grupo Alimentação e bebidas, que no mês de dezembro atingiu alta de 1,67%. O grupo, que já tinha apresentado superalta em novembro (3,88%), acumula variação de 15,39% em 2020, sendo o maior acumulado desde 2002 (23,23%).

Edson Roberto ainda detalhou os motivos que impulsionaram a inflação. “Esse aumento tem uma relação especial com a questão do coronavírus, por duas razões principais. Uma porque o auxílio emergencial alcançou cerca de 67 milhões de pessoas, aqui no estado de Goiás nós tínhamos cerca de 44% dos domicílios recebendo o auxílio emergencial e elevando a demanda por alimentos com consumo em casa. E a outra questão é o dólar que subiu muito, cerca de 30% em 2020 e isso impulsionou as exportações de alimentos, produtos básicos, especialmente para China”, frisou.

“O grupo de alimentação e bebidas é o que mais se destaca, não apenas pela variação maior, porque em média o aumento em Goiânia foi em média 15,4%, mas porque é o que representa o maior peso no cálculo da inflação tanto aqui na capital quanto no Brasil”, concluiu.

As maiores altas do ano (acumulado de 2020) vieram do óleo de soja (85,18%), arroz (79,09%), açúcar cristal (43,48%), carne de porco (29,69%) e leite longa vida (22,65%).

As carnes de um modo geral, subiram 17,78% em 2020, repetindo mais uma superalta anual nos preços (em 2019 o aumento foi de 39,73%). Outro subitem importante na cesta de compra dos goianienses é o feijão-carioca, que subiu 12,59% em 2020.

IPCA, variação mensal e acumulada no ano dos subitens e itens de maiores altas do grupo Alimentação e bebidas no mês de dezembro – Goiânia
Fonte: IBGE – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
Habitação teve a segunda maior variação entre grupos, puxada pelo aumento da energia elétrica residencial

Além da alta anual do grupo Alimentação e bebidas (15,39%), houve altas significativas em Habitação (5,40%). “A habitação também se destacou em Goiânia, esse grupo teve a elevação puxada pelo aumento da energia elétrica, por conta de reajustes autorizados pela Aneel, que foram praticados pela Enel. E também pela aplicação da bandeira vermelha em dezembro”, explicou Edson Roberto Vieira.

A alta da energia elétrica residencial (7,75% em dezembro), fechou em 12,03% em 2020. O gás de botijão também foi destaque (3,68%), acumulando alta de 10,28% no ano.

Também apresentaram altas no ano artigos de residência (3,26%), Despesas pessoais (2,66%), Comunicação (2,47%), Transportes (1,85%), Vestuário (0,55%) e Saúde e cuidados pessoais (0,53%). O único grupo que apresentou queda no acumulado de 2020 foi Educação (-5,29%).

Edson Roberto Vieira ressaltou que o “transporte também contribuiu para que tivéssemos uma inflação maior, porque o peso dele no cálculo da inflação também é significativo”.

Variação mensal, variação acumulada no ano, peso mensal – Brasil e Goiânia
Fonte: IBGE – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo