Ontem (27) o Ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, relator do inquérito que tramita na Corte para investigar as relações do senador Demóstenes Torres (Sem Partido) com o contraventor, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, autorizou que três comissões do Congresso retirassem cópias integrais dos autos da investigação, entre elas a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instalada nesta semana para apurar as relações de cachoeira com agentes públicos e privados.

Horas depois todo o processo que corre em segredo de justiça vazou na internet. Em um dos trechos, o senador Demóstenes conversa com Cachoeira e chama o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, de “sem vergonha”. No diálogo, Torres se referia ao escândalo de 2011 envolvendo o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, acusado de enriquecimento ilícito.

O senador diz ainda que iria “bater” em Gurgel para ele não se animar para investigá-lo. Segundo a Polícia Federal, a interceptação foi feita na manhã seguinte a um pronunciamento no Senado em que Demóstenes criticava a atuação do Procurador-Geral por arquivar a investigação contra Palocci. Por sua vez, Carlinhos Cachoeira elogiou o discurso o senador e destacou que o procurador ficou “desmoralizado” após a fala de Demóstenes.

Em matéria publicada pelo site Congresso em Foco, o presidente da CPMI, senador Vital de Rêgo (PMDB-PB) afirma que o fato é preocupante, mas não prejudica os trabalhos que serão desenvolvidos. Segundo o peemedebista, as responsabilidades do vazamento devem ser apuradas e assegurou que todos os dados que chegarem à CPMI serão resguardados. “Na segunda-feira, eu vou organizar a sala-cofre da comissão e vou trabalhar para que todas as informações sejam mantidas sob o sigilo necessário”, afirmou o parlamentar.

Após conversa entre relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski e o presidente de Tribunal Carlos Ayres Britto, o Supremo Tribunal Federal decidiu que acionará a Polícia Federal e Ministério Público Federal para apurar as responsabilidades pelo vazamento das informações sigilosas que tramita em segredo de justiça. Ambos consideram um “absurdo” os dados estarem disponíveis na internet. A matéria foi publicado no Jornal O Globo de hoje (28).