“Perna dura”. Foi assim que a dona Joana D’arc Ferreira Barbosa da Costa definiu o filho, que tentava ser zagueiro aos 8 anos em uma escolinha de futebol na cidade de Natal (RN). E a percepção da “olheira” foi fundamental para garotinho Pedro Paulo deixar de ser um jogador de linha e se tornar goleiro.

“Coloquei ele em uma escolinha do ABC, ele queria ser zagueiro. Aí vi que era ‘perna dura’ e não jogava nada. Quando chegava em casa para almoçar, via esse menino todo vermelho, pois era muito branquinho e tinha o apelido de ‘fantasminha’. Ele pulava na rua, no paralelepípedo, em tudo quanto era lugar, então vi que ele seria um bom goleiro”, contou Joana D’arc, mãe do goleiro Pedro Paulo, hoje profissional do Atlético Clube Goianiense.

A história da mãe foi confirmada por Pedro Paulo em entrevista que concedeu na última quarta-feira (4), no CT do Dragão. O goleiro reconheceu ser “perna dura” e lembrou dos conselhos.

“A minha mãe disse que quando me levou na primeira oportunidade em uma escolinha de futebol, ela me falou ‘não, você não é para ser jogador não’, porque eu era muito ‘perna dura’. Fui para o gol, permaneci e consegui essa evolução”, recordou Pedro Paulo, que, aos 24 anos, espera a primeira chance como titular no Dragão.

Pedro Paulo, goleiro do Atlético-GO (Foto: Alan Deyvid/ACG)

Aliás, a influência da mãe sobre a escolha de Pedro pela posição de goleiro não foi apenas por achar que o filho se sairia melhor em defender os chutes adversários. Dona Joana D’Arc é conhecida como “Goleira” na rua Curitibanos, no bairro de Potengi, em Natal.

“Fui goleira de futsal, handebol e futebol de campo na década de 80. Joguei campo pelo time do bairro Nazaré. O meu técnico era o Pinheiro e fizemos uma preliminar de futebol feminino antes de um jogo entre América e Flamengo”, lembrou dona Joana, que no futsal e handebol defendeu a escola Doutor Manuel Vilaça.

“Uma pena que não tinha mídia. Eu seria uma Marta”, brincou dona Joana D’arc, que também atuava como meio-campista quando não estava no gol, e que vê no filho Pedro Paulo a realização de um sonho em ser desportista, afinal deixou os campos e as quadras aos 22 anos, quando se casou.

“Botei os irmãos mais velhos do Pedro no esporte, porque queria que alguém seguisse o meu dom, mas eles abandonaram na adolescência. Então coloquei o Pedro Paulo e, graças a Deus, ele seguiu”, revelou dona Joana, que, aos 57 anos, não para de praticar esportes.

“Faço a minha caminhada e pedalo. Apesar das adversidades que a gente tem na vida, temos sempre que cuidar”.

A primeira roupa de goleiro de Pedro Paulo, do Atlético-GO (Foto: Arquivo Pessoal)

E com o filho Pedro Paulo longe de casa, a torcida pelo Atlético fica restrita aos jogos pela televisão e YouTube. Mas por pouco tempo, logo a família do goleiro conhecerá Goiânia.

“Ficamos muito felizes com a ida de Pedro Paulo para um grande clube como o Atlético Goianiense. Educamos ele para um futuro brilhante e tenho certeza que vai conseguir. Vamos nos organizar para ir em Goiânia no mês de junho”, disse dona Joana.

E enquanto espera pela chegada da mãe e outros parentes, o goleiro Pedro Paulo segue ao lado dos companheiros com a preparação para o Campeonato Goiano. No dia 12 de janeiro, o Atlético pega o Grêmio, em Anápolis. Quem sabe não apareça a primeira chance para toda a família ver o filho como titular. Para Pedro Paulo, se acontecer, algo bem natural.

“Encaro de uma forma bem tranquila. Estou trabalhando para isso, sabendo da competição entre nós, com goleiros qualificados, mas estou trabalhando bastante para que consiga assumir a titularidade e defender as cores do Atlético da melhor maneira possível”, finalizou Pedro.

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