O jornalista Conrado Giulietti se tornou voluntário no estudo da vacina contra a Covid-19 que está sendo desenvolvida pela Johnson & Johnson, nos Estados Unidos. Natural de Santos, no litoral paulista, Giulietti mora em Coconut Creek, que fica a cerca de 40 quilômetros de Miami, na Flórida, há três anos.

Em entrevista exclusiva ao Sagres Online, Giulietti falou um pouco sobre a sua experiência como voluntário do estudo. Ele revelou ficou sabendo sobre os testes em sua região, por um amigo, durante o Natal. Após preencher um formulário online, Conrado disse que não acreditava que seria chamado, mas para a sua surpresa a resposta foi imediata.

“Basicamente o formulário pedia nome, idade, raça, se eu já tido Covid e se eu estava apto a participar e imediatamente eu recebi um link para fazer o agendamento. Então eu acredito que eles tinham um pré-seleção de faixa etária que eles estavam procurando. A clínica fica a cerca de 30 minutos de onde eu moro, em uma outra cidade, um pouco mais ao norte”, detalhou.

Giulietti relatou como foi todo processo até o momento em que tomou a injeção em que, como é de praxe nestas pesquisas, ele não foi informado se tomou a vacina ou um placebo.

Foto: Reprodução/Instagram/Conrado Giuliette

“A primeira etapa foi preencher muitos formulários, repetindo alguns dados que eu tinha colocado online, mas perguntado se eu concordava em participar, do que se tratava o estudo e também já tinha algumas informações falando que eu poderia desistir a qualquer momento. Mas até então eu não sabia se eu iria fazer parte ou não, quando cheguei de fato na entrevista, a enfermeira novamente fez uma explanação bem formal e me perguntou se eu tinha dúvidas”.

O brasileiro tinha três dúvidas, a primeira delas é sobre a gravidez de sua esposa. “A enfermeira disse que a única restrição nesse momento do estudo era para quem estava tentando engravidar, como ela já está grávida de cinco meses, está tudo certo”.

A segunda pergunta realizada por Conrado era se ele poderia divulgar que estava participando do estudo, a resposta foi sim e ele inclusive foi incentivado a divulgar a pesquisa para ajudar na busca por mais voluntários.

“E a terceira coisa é se que teria algum impeditivo de tomar outra vacina, ela disse que não e que se eu tomar outra vacina, só precisarei informá-los. Mas aí veio a informação que mais gostei de ter, como repórter; ‘a nossa vacina está em vias de ser aprovada e se você tomar hoje o placebo, você será chamado para tomar a vacina logo depois’. Então é até uma forma de entre aspas, eu passar um pouco a frente na fila para tomar a vacina”, frisou.

Sobre efeitos colaterais, Giulietti disse que foi avisado da possibilidade de alguns sintomas. “Os documentos que eu assinei falam que algumas pessoas tiveram dor de cabeça, tiveram um pouco de febre e dor no local. Eu não senti absolutamente nada, dor no braço eu senti um pouquinho no terceiro dia, mas como qualquer outra injeção que eu já tomado em outras vacinas”, declarou.

Conrado Giulietti trabalha em uma rádio local no Estados Unidos, com uma programação voltada para o público brasileiro. Para ele falar todos os dias de Covid-19, foi umas das motivações para se tornar voluntário do estudo.

“Falamos de coronavírus desde março, eu tinha essa necessidade de entender como essa vacina está sendo desenvolvida, é quase que um sentimento de querer fazer parte disso. Mas sem dúvida nenhuma o que mais me motivou foi ter uma esposa grávida em casa. Estamos próximos de ter o primeiro filho, estamos tendo todos os cuidados, não tivemos coronavírus e sei que quando meu filho nascer minha esposa não poderá tomara a vacina por causa da amamentação. Então essa era uma oportunidade para que eu pudesse ampliar a segurança a nossa volta”, afirmou.

Giulietti disse que está se sentindo orgulhoso de fazer parte desta pesquisa e destacou sua confiança na vacina desenvolvida pela Johnson & Johnson. “É uma vacina muito promissora, é um laboratório de super credibilidade e é legal saber que ainda que seja uma gotinha no oceano, a gente fez parte disso”, salientou.

Com familiares e amigos morando no Brasil, Conrado disse que fica triste em ver as discussões e o andamento da vacinação em seu país natal.

“A vacina é só mais um dos objetos que fazem parte desse momento que a gente está vivendo de tentativa de descredibilizar tudo. Descredibilizar processos, descredibilizar poderes, descredibilizar pessoas… E eu acompanhei a discussão sobre a eficiência ou não da Coronavac, ou seja, pessoas se aproveitando para criar uma narrativa de que a uma insegurança por trás disso, ressaltou.

“Cresci fazendo parte das campanhas do Zé Gotinha e indo lá porque simplesmente o governo dizia que a gente tinha que ir, independente de ser o governo que eu votei ou não, que minha mãe votou, que meus pais votaram, eu acreditava que o governo que estava ali era o governo que deve dizer o que é bom e o que não é, e a gente sempre fez isso. Acho que essa estratégia interessa algumas pessoas, mas a gente de carne e osso que vive o dia a dia, a gente precisa tomara muito cuidado, porque isso é estratégico”, concluiu Conrado Giuliette.

Acompanhe a íntegra do relato de Conrado Giuliette, divulgado em suas redes sociais