Um grupo de pessoas, uma sala, uma roda de conversa e nenhuma figura de terapeuta. Assim começa Apenas Uma Sessão, livro da jornalista, tradutora literária e agora escritora Paola Ferreira, que apresenta ao leitor uma experiência de escuta coletiva, onde as histórias se tornam as verdadeiras protagonistas.
Em entrevista ao programa Tom Maior, Paola explicou o ponto de partida da obra. “É uma única sessão de terapia, de grupo, onde os participantes vão falar de diferentes histórias, próprias e alheias. E o mais maravilhoso de tudo isso é que não são eles os protagonistas, mas as histórias que eles contam”, afirmou a autora. A obra, dividida em dez capítulos, é uma ficção construída a partir de relatos reais.
“Pessoas muito próximas a mim me contaram suas histórias, eu guardei por muito tempo, e na hora que decidi escrever de forma profissional, resolvi usar essas histórias, mas precisava de um cenário. Achei interessante que esse cenário fosse uma sessão de terapia sem coordenador, onde a escuta e a empatia guiam o processo”, relatou.
Contos que curam
No formato de contos interligados, Apenas Uma Sessão permite que diferentes dilemas e personagens ganhem voz. “Tem pessoas que largam tudo para se reencontrar, que estão em busca de sentido. Todos os capítulos deixam uma aprendizagem, uma mensagem encriptada, que não é uma verdade absoluta — cada um vai achar a sua própria”, contou Paola.
Entre os relatos marcantes, a autora destacou o capítulo “Culpa, Mistério e Perdão”, baseado em uma história real dos anos 1990. Nele, uma adolescente é impactada pela libertação de um serial killer que havia assassinado crianças.
“Essa pessoa me contou como sentiu empatia, e isso me chamou atenção. Como pode alguém sentir empatia por um criminoso assim? Mas quando você escuta a história inteira, você entende o que levou ela a pensar dessa forma. Isso diz muito sobre como nossos conceitos podem mudar diante da complexidade humana”, revelou.
Literatura como instrumento de reflexão
Para Paola, a literatura tem um papel fundamental em provocar reflexões sobre emoções e temas considerados tabus. “A literatura sempre vai deixar alguma coisa nas pessoas. Embora meu livro não seja de autoajuda, ele ajuda a entender coisas difíceis. Ele desperta algo, porque comigo também aconteceu isso durante o processo de escrita”, declarou.
Ao falar sobre o impacto do livro nos leitores, Paola enfatizou: “É um livro que a pessoa fecha e sente um alívio, como se tivesse encontrado uma resposta. Não é uma resposta pronta, mas a que você mesmo constrói a partir da história.”
O título da obra remete à efemeridade da sessão e à profundidade das narrativas que emergem em tão pouco tempo. “É um livro muito sensível, para quem gosta de refletir, entender e está em busca de sentido”, resumiu.