Andar de skate é a atividade favorita do Kleber Rodrigues, de 18 anos. Morador de Aparecida de Goiânia, o jovem conta que os parques e praças são sempre os melhores espaços para praticar a modalidade.
“Andava de 5 a 7 horas por dia, praticamente todo dia. Em alguns finais de semana, nós começávamos às 7h da manhã e terminava às 21h, 22h. Era mesmo sem parar, só para almoçar e descansar um pouco”, relata.

Porém, com a pandemia, essa rotina mudou. Kleber relata que a quantidade de amigos com quem costumava sair para andar de skate diminuiu para evitar o risco de contaminação pelo novo coronavírus.
“Parei de andar com os amigos. De vez em quando junta um ou dois, só que a gente fica em uma distância de 1,5 metro de cada um para não ocorrer contaminação, e sempre usando máscara e álcool em gel”, afirma.

Para o André Lima Caldeira, de 16 anos, jogar futebol com os amigos duas vezes por semana não faz mais parte da rotina de atividades físicas desde que a pandemia chegou ao município de Caseara, no interior do Tocantins. “Comecei a correr e a andar de bicicleta sozinho. Aqui onde eu moro é uma fazenda, de uma empresa, e é muito grande. Aqui tem uma pista de voo. Ninguém vai lá, então é onde eu caminho e ando de bicicleta”.
O jovem conta que essa foi a forma que encontrou para se manter ativo fisicamente e, principalmente, protegido contra a Covid-19. “Tenho muitos amigos que desacreditaram disso [da Covid] e pegaram. Agora serve de lição, porque eles não acreditavam”, afirma.

Com a tecnologia, fazer exercícios em casa para evitar a Covid-19 foi a maneira que muitas pessoas encontraram para se manterem ativas fisicamente. A jornalista Fernanda Parreira, de 26 anos, fazia musculação de segunda a sexta-feira, sempre no primeiro horário da academia, às 6h da manhã, em Goiânia.
“Com as academias fechadas, eu passei a treinar em casa. Comprei alguns equipamentos de peso e combinei com meu personal de ele me dar treinos on-line, porque eu já tenho esse hábito de treinar com personal, devido ao meu problema no joelho”, afirma.
Fora das academias, treinando principalmente em casa, Fernanda conta que às vezes é preciso sair, e que parte dos exercícios são feitos em parques, em lugares abertos e com pouco movimento. Além de se sentir mais segura, ela argumenta que até os resultados têm sido melhores do que nos treinos presenciais.
“Meu rendimento não caiu em momento algum. Consegui obter ganhos também, inclusive até mais do que eu tinha quando estava na academia. Como meus equipamentos são limitados, de certa forma, então trabalhamos outra metodologia também”, conta.
Fábrica de anticorpos
Um estudo recente feito por um grupo de cientistas na Europa mostra que a realização de exercícios físicos potencializa a produção de anticorpos contra a Covid-19 após a vacina. Dados publicados na revista Sports Medicine apontam que uma pessoa que se exercita com frequência possui 50% mais chances de produzir mais estruturas de defesa do organismo após a imunização do que um sedentário.
Com as novas cepas, parte da população mais jovem tem sido mais atingida pela Covid-19. Enquanto esse grupo, ao menos no Brasil, não tem acesso à imunização contra a doença, em razão dos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, o jeito é não parar no tempo e tentar manter o ritmo de exercícios que se tinha antes da pandemia.

A personal trainer Nayanna Reis orienta que, para uma boa rotina, os treinos devem ocorrer no mínimo três vezes por semana, e vale até o improviso para quem não tem equipamentos em casa. “No começo foi difícil, mas hoje em dia as pessoas estão se adaptando e abrindo mais a mente para esse tipo de treino. A gente improvisa bastante. Tenho alunos que no começo não tinham nada, tinham o custo apenas de pagar o professor. Pegava embalagem de amaciante, saco de arroz, o cabo da vassoura, desenroscava e prendia na embalagem de amaciante dos dois lados para fazer barra, agachamento, tudo no improviso”, enumera.
Caso seja inevitável sair de casa para realizar as atividades, Nayanna orienta que se procure fazer aquelas que dispensam o contato físico e permitem o distanciamento, como o ciclismo ou a caminhada, por exemplo.