A pandemia trouxe não apenas uma ressignificação dos cuidados com a saúde, mas também o aumento da necessidade de uso das novas tecnologias, já que praticamente tudo ficou distante e dependente da internet. O momento também é de aceleração da proximidade dos jovens com a conectividade no ambiente profissional.

Essa necessidade é ainda maior quando o cenário impõe ao jovem que procure o mercado de trabalho mais cedo, junto com os estudos. É o que analisa o especialista em Economia, Luiz Carlos Ongaratto.

“O nosso jovem busca o mercado de trabalho muito cedo, inclusive em períodos da vida que seriam estritamente escolares. A partir dos 14 anos o jovem, em diversas situações, já busca o emprego principalmente por uma necessidade de manutenção de suas necessidades básicas e também para suporte familiar”, afirma.

O estudo “Acesso Domiciliar à Internet e Ensino Remoto Durante a Pandemia”, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que no Brasil cerca de seis milhões de estudantes, desde a pré-escola até a pós-graduação, não têm acesso à internet banda larga ou 3G/4G em casa e, consequentemente, não conseguem participar do ensino remoto. Ainda segundo o levantamente, desses, 5,8 milhões são alunos de instituições públicas de ensino.

De acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mais de um terço dos jovens brasileiros entre 20 a 29 anos não está trabalhando e nem estudand, são os chamados “nem nem “. Essa é a taxa mais alta registrada na história. “Quando ele não tem acesso à educação, ele não tem acesso à melhoria da sua produtividade e do seu preparo para o mercado de trabalho futuro”, afirma Ongaratto.

Um exemplo de inserção da juventude no mercado de trabalho em conciliação com os estudos é o Jovem Aprendiz, da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi). São mais de 9,4 mil jovens que fazem parte do programa em 25 estados e no Distrito Federal.

Segundo Luiz Carlos Ongaratto, para que o país consiga crescer economicamente, é preciso investir nos jovens e no acesso à tecnologia de qualidade.

“O Brasil é um país jovem, que está crescendo, que saiu da pobreza. Então ele sai da renda baixa e passa para a renda média. Só que para que o Brasil passe para um país de renda alta, que aqui a gente fala de desenvolvimento econômico, ele precisa aproveitar o máximo essa juventude do seu mercado de trabalho. Países europeus que têm uma população mais envelhecida do que a nossa, já cresceram”, analisa. “A nossa principal mão de obra, o nosso principal capital humano, que é o jovem, aquele que vai ainda entregar muito para o país do ponto de vista macroeconômico, não está produzindo. Ele está subutilizado pela nossa própria estrutura econômica. Isso vai gerar um problema lá adiante, que é ainda maior”, complementa.

Confira a entrevista na íntegra a seguir no STM #240: