A escritora e mediadora de conflitos Eunice Maciel lançou seu oitavo livro com uma proposta de mostrar ao leitor como funciona uma sessão de mediação, por meio de contos ficcionais baseados em situações cotidianas. A obra, intitulada Vamos Conversar?, foi tema de entrevista recente no programa Tom Maior da Sagres TV, onde Eunice abordou os dilemas enfrentados por seus personagens e defendeu o diálogo como ferramenta essencial na prevenção e resolução de conflitos.
Segundo ela, o livro busca apresentar a mediação de forma acessível, uma vez que, por ser um processo confidencial, é algo pouco compreendido pelo público em geral. “Eu sou mediadora formada, atuo como mediadora e sou escritora. Esse é meu oitavo livro. Juntei as duas coisas que mais amo fazer: escrever e mediar”, explicou Eunice.
“A minha ideia é apresentar a mediação através de um livro de contos ambientados em salas de mediação. O leitor entra na sala e vê como funciona esse processo. Como é confidencial, tudo ali é fictício.” Os contos exploram uma ampla variedade de situações: disputas por guarda de filhos e de animais de estimação, desentendimentos entre vizinhos, conflitos geracionais, homofobia institucional e tensões familiares agravadas pela pandemia.
Um dos destaques, segundo a autora, é a história de um idoso de 92 anos cuja família tenta impedir que ele continue dirigindo. “Eu aposto que o leitor vai se identificar com pelo menos um dos personagens. São dilemas reais. Uma das histórias mostra duas mães que têm um único filho, concebido por fertilização in vitro, e enfrentam a rejeição de um colégio tradicional que se recusa a matriculá-lo. Tem de tudo. Tentei abranger o maior número de situações possíveis para que, de alguma forma, o leitor se encaixe em alguma delas.”
Durante a entrevista, Eunice destacou que muitos dos conflitos retratados nos contos têm origem na ausência de diálogo. “Fica muito claro que os conflitos foram todos originados de uma falta de conversa. Um problema mal resolvido, uma cara feia não explicada, isso só faz escalar a situação. Uma conversa franca, olho no olho, no início, pode evitar muita coisa.”
A autora também pontuou que muitas pessoas recorrem diretamente ao Judiciário sem considerar alternativas mais humanas e eficazes. “Em primeiro lugar, é um erro achar que as coisas vão se resolver sozinhas. E outro erro é ir direto para o Judiciário, onde a decisão de um juiz pode beneficiar um lado, prejudicar o outro — ou desagradar os dois. Com a mediação, você constrói um acordo que funciona para todo mundo.”
Ao final da entrevista, Eunice reforçou a principal mensagem de seu livro: a importância da escuta e da conversa. “Se puder evitar o conflito com diálogo, melhor. Se ele acontecer, que ao menos o caminho seja o da mediação — e não de uma briga na Justiça, que pode levar anos e deixar marcas emocionais profundas.”
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade
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