GUILHERME SETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
– O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja fazer o primeiro comício oficial de sua campanha no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, em 20 de agosto.

A escolha do local está marcada pelo simbolismo: em abril de 1984, milhares de pessoas ocuparam o espaço para o comício das Diretas Já, movimento que pedia o fim da ditadura militar e a volta de eleições diretas para presidente.

Na ocasião, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Tancredo Neves, Leonel Brizola, Ulysses Guimarães, Miguel Arraes e Franco Montoro, adversários políticos, uniram-se nas manifestações contra a ditadura militar na capital paulista.

A referência a 1984 se encaixa na contraposição que a campanha do petista tem feito entre Lula e Jair Bolsonaro (PL), destacando ações autoritárias e falas golpistas do atual presidente.

“As Diretas foram uma campanha importante no nosso processo de conquista democrática. Agora também se coloca a importância da reorganização das organizações democráticas e do respeito à Constituição”, diz o ex-ministro Luiz Marinho (PT), presidente do PT em São Paulo e coordenador-geral da campanha.

“O cidadão [Bolsonaro] parece que quer destruir o processo democrático. Nós queremos resgatar esse momento. Vamos buscar sempre aperfeiçoar, debater como a democracia pode avançar. No modo petista de governar, buscamos sempre incluir a democracia participativa, e não só a representativa. Tudo vale, menos questionar o processo democrático”, completa.

Na época do ato das Diretas, foi divulgado que 1 milhão de participantes estiveram no evento. Cálculos feitos pelo Datafolha anos depois, no entanto, apontam que a região comportaria no máximo 400 mil pessoas.