Sempre digo que a Lei Pelé foi estabelecida para elitizar o futebol massacrando os pequenos clubes em benefício dos grandes. Esta Lei que de Pelé só tem o nome,foi idealizada por algumas pessoas,dentre estas alguns jornalistas que se dizem de esquerda mas que nunca viveram na periferia do futebol. Não sabem das dificuldades que passam os pequenos times mesmo nas coisas básicas de seu dia dia.
Alguem pra elaborar, fomentar e defender uma Lei como esta que mexeu com as estruturas do futebol brasileiro, deveria ter uma visão ampla e profunda da realidade nos pontos mais longínquos do país, não apenas de Sao Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul. Deveria saber o que se passa em Goias, Mato Grosso, Pará, Maranhão, dentre outros. Uma coisa é ouvir falar que alguem passa fome a outra é ver alguem passando fome, o impacto será maior.
A Lei Pelé, para seus defensores, veio para moralizar o futebol brasileiro. Dirigente corrupto seria colocado na cadeia e respondendo com seus proprios bens em caso de causar prejuizo ao clube,os clubes se tornariam empresas rentáveis tendo condições de competir com os grandes clubes europeus,e o que é melhor,o jogador que sempre foi “escravizado” pela legislação anterior seria livre ,podendo desenvolver sua atividade onde quisesse sem os efeitos das algemas que o prendiam a algum time,ou seja,seria o melhor dos mundos um treinamento para o paraíso, um passo antes do céu .
A realidade
O que estamos vendo hoje? Times tradicionais desaparecendo e seus torcedores órfãos .Estados onde antes tinha futebol competitivo,hoje mal tem o campeonato local . O Campeonato Brasileiro passou a ser representado pela elite e de vez em quando vem um “penetra’ que não é do Clube dos 13, mas como não pode participar do banquete,logo é convidado a se retirar .
Alguem ouviu dizer que algum dirigente ja foi parar atras das grades por conta dessa Lei? Os Clubes se tornaram empresa? Temos um calendário anual para todos os times?
Interessante que estas questões acima as respostas a todas elas é NÃO. Mas a Lei produziu outra elite,a elite dos empresarios de jogador o tal agente .Muitos deles são multi milionários,tendo sob seu controle dezenas de atletas,e atletas que eles não gastaram nunhum centavo na sua formação,ja pegam o produto pronto e acabado,é so colocar a criatividade em ação para ganhar rios de dinheiro em cima do jogador,com o beneplácito da Lei.
Hoje é comum voce ver a figura do agente de futebol frequentando discretamente treinos de meninos de 12,13,14 anos nas escolinhas dos clubes . Em alguns casos o mais afoito acompanha até as chamadas peneiradas .Quando ve um moleque com potencial,age como se fosse um “traficante” e ja seduz o menino com promessas mirabolantes . Em questão de minutos o menino ja se ve no Real Madrid,Barcelona,Milan,Inter etc. E a Lei? Ora, fica do lado do mais forte,cara pálida!
Quantos e quantos garotos anoiteceram e não amanheceram aqui no futebol goiano seduzidos pelos maus agentes! Sendo assim,os times menores nunca vão se consolidar financeiramente,pois ficam sem o seu principal produto .Ouço o argumento dos defensores da Lei de que se os clubes tiverem criatividade eles podem sobreviver sem ter o vínculo do jogador como principal fonte de receita .Nesse caso eu desafio a apresentar uma sugestão .Alguns dizem que com um bom departamento de marketing,tudo se resolve .Mas como vai vender espaço sendo que o meio de exposição não é atraente ? Qual empresário do comércio vai estampar sua marca num time ruím,pois o menino bom de bola fugiu com seu agente para um centro maior?
Nunca vou entender a inércia dos dirigentes de times de médio e pequeno porte,pois não reagem a esse estado de coisa .Se não tivermos um movimento forte e articulado,certamente os problemas vão se avolumar e não teremos como contornar .A cada dia vejo a desilusão estampada no rosto do bom dirigente,impotente diante dessa dura e triste realidade.
Na segunda feira vou escrever aqui sobre os bastidores das categorias de base de alguns clubes, tem coisas interessantes e até hilárias.