A vida dos pais durante o isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) não está sendo fácil. Conciliar o cuidado com as crianças, home office e afazeres domésticos exige muito malabarismo, ainda mais quando os filhos necessitam de uma atenção especial.

Em entrevista ao Tom Maior da SagresTV, nesta sexta-feira (29), a presidente da Associação de Pais e Amigos do Autista de Goiânia (AMA), Cassia Gouveia, juntamente com a fonoaudióloga, neuropsicopedagoga e especialista em educação, Juliana Freitas, falaram a respeito do assunto e como estão lidando com o isolamento.

De acordo com a Cassia Gouveia, a AMA foi criada em 2000, por um grupo de pais, que tinha o objetivo de auxiliar e informar as pessoas sobre o autismo. “Naquela época ninguém ouvia falar de autismo, não existia nada para o autista, então, foi um desejo dos pais de inclusão dos filhos. Essa associação está até hoje, e a gente trabalha pelos direitos dos autistas, a gente faz todo trabalho de conscientização do que é o autista e como é a família do autista”, afirma.

Mesmo sendo um assunto muito conhecido, poucos têm ideia da rotina de um autista, e de como eles se relacionam. “O autista é uma pessoa que funciona diferente em algumas áreas, na área de comunicação, da interação social e na comportamental. Existem autistas médios, autistas moderados e até graves”, esclarece.

Para um autistas, o isolamento social pode ser ainda mais difícil. “O autista segue muito a rotina dele, e toda quebra dessa rotina provoca muita resistência. O meu filho sofre crises nervosas, do nada ele parou com tudo. Agora que a gente está começando a retornar as terapias, mas, a questão de escola, de passeio, do que ele tinha não voltou ao normal. Ele está com crises muito nervosas em casa, privação de sono, não consegue dormir, e a irritabilidade está muito alta”, relata Cassia Gouveia, que além de ser presidente da AMA, tem um filho autista e reconhece os desafios nesse momento de pandemia.

Cassia lamentou que todo o trabalho positivo que vinha fazendo com seu filho, foi perdido na quarentena, devido à quebra de rotina. “Tudo que a gente já conquistou, grande parte disso está sendo perdido por conta do isolamento”, afirma.

Contudo, Juliana Freitas aconselha para os pais que, nesse momento, tentem, da melhor maneira, seguir a rotina normal dos filhos, para que o isolamento não afete toda produtividade que vinha fazendo. “O ideal seria quebrar menos possível a rotina. Se é uma criança que vai para a escola todos os dias pela manhã, o ideal seria que esses pais acordassem essa criança no mesmo horário, e de manhã fizesse atividades pedagógicas. Se à tarde são as terapias, nós vamos tentar fazer algumas atividades relacionadas a isso”, ressalta.

Ainda conforme os conselhos da fonoaudióloga, é importante que os pais descubram alguma forma de gastar mais energia fazendo atividades físicas em casa, para que a criança consiga dormir melhor, e o mais importante, sempre fale com ela sobre o que está acontecendo.

Assista à entrevista na íntegra a seguir