O Vila Nova passa por um dos momentos mais difíceis de toda sua história. Caso o time não ganhe do Rio Verde na última rodada do Campeonato Goiano, o time colorado será rebaixado para a segunda divisão. Sem dúvida um dos maiores dirigentes da história do Vila Nova foi o ex-presidente João Carneiro, hoje com 77 anos, e que passou mais de 50 anos dentro do clube.

O repórter Pedro Henrique Geninho, da Rádio 730, conversou com o ex-presidente, que se recupera de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele falou do amor que sente pelo Vila e de como está sofrendo com a situação que a equipe está passando nesse momento.

Para ele, o problema do Vila está na diretoria. “É problema de diretoria, um grupo de 10 elementos ficaram de tomar conta do Vila Nova por 10 anos, mas só tiveram os dois anos iniciais, onde veio o campeonato goiano de 2005”, ressaltou.

Mesmo com toda a dificuldade que o clube está passando, ele faz um pedido para o torcedor vilanovense. “É difícil pedir porque está muito machucado, mas todo torcedor do Vila Nova por favor não abandone o Vila porque vocês são  a única coisa da gente”, disse.

Tristeza

João Carneiro revela que sua vida se resume ao Vila e que ver o time nessa situação é cada dia mais difícil. “O Vila Nova é tudo que eu tenho na vida. Eu gosto muito do Vila, ele é a minha vida. Eu vivo por causa do Vila, porque minha vida é escutar rádio e mais nada. Quando começa a falar do Vila eu mudo porque eu procuro só notícia boa”, confessou.

O ex-dirigente dá receita do que tem que ser mudado na organização do clube para os próximos anos. “É incalculável o que eu perco quando eu penso no Vila Nova. O Vila precisa parar com esse negócio de fazer time para hoje, tem que pensar em amanhã e depois”, opinou.

João revela que se ele estivesse à frente do Vila, ele iria trabalhar de modo diferente. “Eu pegaria cinco ou seis jogadores do Vila e mesclaria com jogador de fora.” Para ele, o time que está disputando o Goianão não tem o perfil do Vila Nova. “Não tem cara, de jeito nenhum”, enfatizou.

QuedaJOÃO CARNEIRO 4

Sobre o possível rebaixamento do time, João Carneiro diz que vai ser muito ruim para o Campeonato Goiano. “É altamente deficitário, vai ser um baque muito grande para o Campeonato Goiano”, relatou.

Caso ocorra a queda, ele espera que seja montado um time competitivo para disputar a segunda divisão. “Não é possível que ele caia e fique quieto. Se ele cair, tem que montar um time bom para disputar o Campeonato Goiano da segunda divisão”, frisou.

Ele acredita que se nada for feito, com o tempo o Vila irá acabar. “Falaram que o tempo do Vila está para terminar e eu também estou achando, mas se os homens do Vila Nova levarem a sério, eles não deixam cair e nem ser extinto”, afirmou.

Rivalidade

Sobre a grande rivalidade com o Goiás, João Carneiro diz que fez sua parte enquanto estava na presidência do clube. “Quando eu fui presidente do Vila Nova, eu joguei 11 vezes com o Goiás, perdi uma vez, empatei duas e ganhei oito vezes. Então eu não tenho que falar nada, a minha missão foi cumprida.”

Ele revela qual a diferença entre os dois clubes. “O Goiás tem uma lei que cuida bem do Goiás e não deixa a peteca cair. Na verdade não tem jeito, o Goiás é melhor mesmo que o Vila Nova. O Goiás é maior que todos, só não é maior que o Vila Nova na torcida. No Goiás todo mundo é rico, enquanto no Vila Nova todo mundo é pobre. Tem os ricos, mas não sabem colocar dinheiro”, ressaltou.

Em questão de torcida, João considera que a do Vila é maior, e que a do Goiás é mais presente em função dos grandes jogos que o time tem durante o ano contra os grandes clubes do país. “Até hoje é a do Vila Nova, a do Goiás é maior em espetáculo. Mas se tiver um Goiás e Vila e for contar cada um, a torcida do Vila é maior”, destacou.

Ele considera que o clássico Goiás e Atlético nunca vai superar um Goiás e Vila. “Concordo porque o Vila Nova e o Goiás dão maior espetáculo.” João Carneiro considera Hailé Pinheiro como o maior dirigente da história do futebol goiano por tudo que ele fez e representa para o Goiás.

JOÃO CARNEIRO 7Saudade

João considera que o momento mais marcante de sua carreira foi quando o Vila conquistou o tetracampeonato. “O tetracampeonato para o Vila Nova foi muito importante porque mudou o Vila. Até lá era um e depois virou outro”, disse.

O ex-presidente relembra que quando ia para o estádio assistir a um jogo do Vila, era uma vitória certa. “Eu sinto saudade de jogos, eu ia para o estádio sabendo que iria voltar com os pontos. Na verdade se for hoje vai voltar com derrota”, lembrou com saudosismo.

Ele afirma que o melhor jogador da história do Vila Nova foi o atacante Guilherme, que jogou no final da década de 60 e começo da década de 70. Ele frisa que não precisava que o Vila chegasse até a primeira divisão nacional, que se o time fosse para a segunda divisão nacional já estava de bom tamanho. “Não precisa ser na Série A, só na Série B estava bom, eu já ficaria muito feliz”, disse.