Pontos lotados, poucos ônibus circulando e sempre cheios, empurra-empurra na hora de entrar no ônibus, aumento do preço da passagem e falta de qualidade no transporte público, passe livre ou catraca livre como preferem alguns, ressarcimento da diferença de R$ 0,30 paga no período entre o aumento e a liminar que suspendeu o reajuste, participação popular na gestão do transporte. Estes são alguns dos motivos que tem levado milhares de pessoas para as ruas de várias capitais brasileiras. O movimento em Goiânia vem ganhando mais adeptos a cada dia. “Queremos a publicação das planilhas de custos e lucros, a publicação dos cálculos utilizados para justificar os aumentos nos últimos seis anos, porque como o cálculo deste ano foi considerado infundado para justificar o aumento, põem em dúvida os outros cálculos dos últimos seis anos”, alerta Victor Hugo da Silva, estudante de Jornalismo da UFG e um dos integrantes da organização dos protestos em Goiânia.

Os últimos protestos com confronto direto da polícia, manifestantes e pessoas que simplesmente passavam pelas ruas do Centro de São Paulo, têm se tornado combustível para novas manifestações. A próxima está marcada para o dia 20 de junho, quinta-feira, às 17 horas em diversas capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Natal, Goiânia e cidades do interior como Anápolis (GO), Uberlândia (MG), Piracicaba (SP) Niterói e Volta Redonda (RJ). Em Goiânia a concentração será na Praça do Bandeirantes, na confluência das avenidas Goiás e Anhanguera, Centro. Os organizadores esperam entre duas a três mil pessoas na capital goiana.

Preparados para o confronto
Em algumas passeatas no Centro da capital goiana, pneus foram queimados, ocorreram atos de vandalismo e confronto com a polícia, no caso da Praça da Bíblia. Victor Hugo da Silva, explica que o movimento foi organizado a partir de plenárias e reuniões abertas com a participação de estudantes universitários e secundaristas, usuários do transporte público e população em geral. Mas tem o reforço da internet, por meio do Facebook, onde circulam informações sobre as manifestações em todo o país e, assim, vai garantindo combustível para outras cidades.

Para evitar um possível confronto com a PM goiana, Victor Hugo afirma que querem apenas exercer o direito de manifestação e de liberdade de expressão. Para ele, a grande arma é a organização, mas deixa claro que irão “defender nossos direitos com unhas e dentes”. A justificativa para as reações, às vezes também violenta, às investidas da polícia militar em todo o país e em especial em Goiás contra os manifestantes, segundo os organizadores do movimento é em função da falta de diálogo do Poder Público. “A violência começa com o sistema de transporte caótico e degradante, o posicionamento da polícia diante os manifestantes que é de intimidação e para conter a violência é preciso abertura de diálogo”, denuncia o estudante de jornalismo da UFG.

Revolta popular
Quantos aos questionamentos de uso do movimento por partidos políticos, os organizadores em Goiás, afirmam que “a revolta contra o aumento da passagem não pertence à frente de luta, é uma revolta popular”. O movimento envolve usuários do transporte público, estudantes universitários e secundaristas. “Não possui influência ou bandeira partidária. Claro que existem alguns ligados a partidos, querendo defender suas bandeiras, mas a luta é dos usuários do transporte coletivo”.

E avisa: estão preparados para um possível confronto na quinta-feira, dia 20, porque não existe diálogo do poder público com os manifestantes. “Vamos resistir, da maneira que for possível. A gente vai preparado para se defender. A gente não leva pau, não leva pedra, não leva coquetel molotov e se a polícia quiser tirar a gente, nós vamos resistir e não vamos sair. E da mesma maneira que a polícia não fala as táticas pra reprimir a gente, seria um erro tático a gente expor nossas formas de resistência”.