Fotos: Rafael Bessa
O técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, foi entrevistado pelo repórter da Rádio 730, Juliano Moreira, nesta terça-feira (18) véspera do primeiro jogo do Superclássico das Américas entre Brasil e Argentina, em Goiânia. O treinador começou a entrevista dizendo que tem consciência da grande responsabilidade que é comandar a Seleção canarinha na Copa do Mundo em 2014 e promete que o time vai satisfazer a torcida. Sabe que a equipe será ainda mais cobrada, mas tenta manter o equilíbrio e dar sequência ao trabalho de renovação prometido no inicio do trabalho.
Mano disse que mantém a tranquilidade, pois sabe o que precisa ser feito para ser campeão. “Eu me preparei para chegar onde eu cheguei e sabendo exatamente como seria dirigir a Seleção Brasileira, eu nunca tive ilusões”. O treinador tem sido muito criticado no comando do Brasil, por conta das atuações ruins, por não ter conquistado a medalha de ouro nas Olímpiadas e ter sido eliminado da Copa América. Apesar das inúmeras criticas e da possibilidade de perder o cargo, o treinador se mantém tranquilo e diz que o torcedor brasileiro acredita muito em milagres.
“Se tem a ideia do milagre, não se acredita no trabalho, se acredita muito no milagre e no futebol o milagre é difícil”, comentou. “Não cabe mais a ideia de que se vai trazer alguém e em um passe de mágica a Seleção vai jogar tudo o que não jogou até agora”, completou. “A gente sabe qual o nível de Seleção que o torcedor brasileiro se acostumou e estamos caminhando para isso. O trabalho é longo, árduo, exige muita competência, tranquilidade para passar por estes momentos de instabilidades e acho que estamos fazendo isto bem”, garantiu.
Confira a entrevista na íntegra: {mp3}stories/audio/esporte/2012/setembro/mano{/mp3}
Felipão
O último técnico campeão mundial com a Seleção Brasileira, Luíz Felipe Scolari, está desempregado desde que deixou o Palmeiras.
O nome de Felipão tem sido colocado em pauta para uma possível substituição na Seleção Brasileira, mas Mano Menezes não se preocupa com esta “sombra” do ex-técnico.
“Todos os treinadores que passaram pela Seleção são lembrados, principalmente os que conquistaram títulos, o nosso último título foi com o Felipão, então é natural que o torcedor tenha carinho por ele”, avaliou.
Torcida
A torcida brasileira tem se mostrado descrente em relação a Seleção e grande parte dos torcedores não querem a permanência de Mano Menezes. A insatisfação é quase sempre transformada em vaias e gritos ofensivos, como ocorreu no amistoso do Brasil contra África do Sul em São Paulo. Mano não concorda com a atitude da torcida, mas sabe que esta é a cultura no país.
“Este fato aconteceu em São Paulo e chamou a atenção de todo mundo, não foi só a nossa. Estas reações estão sendo muito vazias, há uma relação um pouco estranha e que acho que é preocupante para um país que vai sediar uma Copa do mundo”, destacou. Mano disse que o país precisa mudar seu comportamento e citou os jogos Olímpicos de Londres como exemplo , segundo ele, os torcedores ingleses tinham uma atitude muito bonita e respeitosa com todos.
Mano confessou que não acha nada bom ser chamado de burro e outros adjetivos, pois atrapalha. “Faz parte da vida do técnico, sei que a gente lida com emoções e que as nossas decisões estão no limite de estar certo ou errado para o torcedor. Ele nem sabe de todas as informações em relação ao jogo. Às vezes a gente para um jogo com o jogador que está 50%, mas ele é importante, aí você faz a substituição e o torcedor não entende isso”, comentou.
O treinador cutuca o comportamento da torcida e diz que jamais teria atitudes deste tipo. “Quem ama o futebol e o respeita não chama, facilmente, alguém de burro ou ofende alguém que está participando diretamente do esporte. Fui criado de outra maneira”, alfinetou.
Ronaldinho, Kaká e Fred
Mano Menezes disse que as portas da Seleção Brasileira estão abertas à todos os jogadores que mostrem qualidade. O treinador ressaltou que os meias Ronaldinho e Kaká fazem falta à Seleção, mas precisam estar realmente aptos a defender a amarelinha.
“Procuro deixar possibilidades, mas esta não é uma decisão unilateral, tem que existir um compromisso do atleta. Querer estar em 2014 não deve ser uma declaração que apenas saia da boca, tem que vir acompanhado de atitudes”, falou sobre Ronaldinho.
Sobre Kaká, Mano disse que o jogador vive um momento difícil, mas espera que ele se recupere. “Quando o jogador não joga se perde o parâmetro do atleta, ele mesmo perde porque é o jogo que dá a condição para saber se está bem e o Kaká tem passado por este momento de dificuldade. Para mim o mais tranquilo seria já tê-los na Seleção (Ronaldinho e Kaká). Eles seriam parte desta transição importante que a gente precisava fazer, só estamos tendo estas dificuldades porque eles não estão”, comentou.
O atacante Fred é o artilheiro do Brasileirão 2012, mas não foi convocado para o jogo contra a Argentina. O atleta deixou a entender que a relação com o técnico da Seleção não é boa, mas Mano garantiu que não trouxe Fred somente entre ele e Luís Fabiano, preferiu o atacante do São Paulo.
Neymar
O atacante Neymar é o artilheiro do Brasil na era Mano Menezes com 16 gols, ainda assim o jogador é muito cobrado por resultados. Meses atrás, Mano disse que o jovem atacante precisa jogar na Europa para evoluir em seu futebol. O treinador continua com a mesma opinião, pois acredita que isso é necessário para que o jogador consiga passar por vários níveis de dificuldades, uma vez que os campeonatos europeus tem características diferentes do brasileiro e por isso seria importante para o atleta, que assim estaria mais preparado para enfrentar as grandes seleções do mundo.
Temor
Mano Menezes pode ser lembrado por conquistar o hexacampeonato mundial no Brasil ou por ter perdido, assim como a Seleção de 50. O treinador ressaltou que quer conquistar o título de qualquer forma, mas ressalta que a derrota é possível e normal, como foi possível ser campeão fora do Brasil.
“Minha expectativa é fazer o melhor para estar preparado para fazer o melhor e ganhar a Copa do mundo, mas não vamos ganha-la por um decreto. Precisamos ganhar com competência, mérito, com trabalho e este é o caminho que estamos percorrendo, é isto que estou fazendo. Ninguém se prepara para perder, você perde e ganha em consequência do que construiu”, concluiu.