Nesta quarta-feira (6), Marçal Filho, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás (Sipapego), participou do programa Hora do Esporte, da Sagres 730. Protagonista no mês de março na discussão sobre a paralisação do Campeonato Goiano devido a pandemia do novo coronavírus, o ex-jogador de futebol e hoje representante da categoria falou sobre sua atuação.
“Antes da paralisação do campeonato, estivemos conversando com vários atletas. Evidentemente, não tem como conversar com 350 atletas e com todos os dirigentes, mas de acordo com o que podíamos fazer, fizemos. Foi feito isso em uma conversa com os atletas, alguns não querendo e outros sim, e mostramos a gravidade que poderia ter doravante”, explicou.
Marçal justificou que “como já tinha outros estados parando, solicitei em um ofício à federação para a paralisação. O André (Pitta, presidente da FGF) acatou, chamou os dirigentes e parou o campeonato. É um momento que temos que ter muita sabedoria. Todos, sem exceção, estão perdendo nesse momento. Temos que preservar a vida. Dinheiro recuperamos, a vida não”.
Sobre a orientação que oferece aos atletas, reforço que “o sindicato não interfere em uma negociação do atleta com o clube. Às vezes o atleta quer ir no sindicato e falar a respeito disso, mas tem receio, então o clube pode negociar direto com o atleta. Evidentemente, se quiser homologar no sindicato, vamos dar anuência a tudo isso. O empregador hoje sabe das dificuldades que está passando, como também o empregado tem que ter ciência de que é um momento diferenciado”.
O Goiás foi um dos primeiros clubes no Brasil a se posicionar contra a continuação dos jogos no início da pandemia, quando na segunda semana de março as atividades esportivas começaram a serem suspensas no país. A posição do clube esmeraldino se deu após reunião dos jogadores com o presidente do sindicato, que explicou o acontecido.
Segundo Marçal, “a minha ida no Goiás foi cavalheira, fui convidado pelos atletas para ir lá e explicar a situação que estava acontecendo. Achei que foi legal, porque teve aceitação de todos, inclusive até do próprio presidente, que depois explicou a situação, que não poderíamos ficar brigando e discutindo, porque vinha uma coisa muito ruim pela frente”.
“Levei muita ‘porrada’ por causa daquilo”, destacou Marçal, que na época foi questionado por ter ido apenas no Goiás, e ressaltou que “falei com atletas do Vila e do Atlético. No meu prédio tem quatro jogadores do Atlético, para se ter ideia, e conversei com eles. Foi difícil parar o campeonato, mas se tivesse que fazer novamente, faria”.
De acordo do repórter André Rodrigues, da Sagres 730, os atletas do Goiás não aceitaram negociar uma nova redução salarial caso tenham que voltar treinar este mês. Sobre a situação, Marçal frisou que “salário e contrato cada um decide o seu, o sindicato não vai ‘colocar a faca no pescoço’ do atleta ou do clube. Não é que sou contra, sou favorável à redução, porque os clubes perderam receita”.
Questionado sobre ser a favor da volta aos treinos, afirmou que “não é o sindicato que vai decidir isso e não vamos assumir essa responsabilidade”. Contudo, se o poder público der o aval, “nós assinamos e concordamos. Não podemos tomar toda a responsabilidade, porque qual a segurança que vou dar para o atleta? E se, porventura, algum atleta possa ser contaminado e leva para casa? Então, no momento, precisamos ter o aval da secretária da saúde”.
Na sua participação final, Marçal Filho acrescentou que “quando paramos o campeonato, foi um ‘enxame’ em cima da gente, mas porque as pessoas não entendem nada e não sabem como que é o procedimento. Me orgulho muito de ter feito o que fiz, porque se não tivesse feito poderia estar arcando com uma dificuldade enorme. Fizemos tudo de acordo com o que cabe o estatuto do sindicato e, acima de tudo, com o que estava acontecendo no Brasil”.