Depois de quase dez anos chegou a hora do adeus. Na manhã desta terça-feira, dia 26 de julho, o goleiro Márcio confirmou, em pronunciamento no CCT do Dragão, sua saída do Atlético após 532 jogos e 37 gols com a camisa rubro-negra. A despedida do camisa 1 e capitão foi no último sábado, na derrota por 1 x 0 para o Tupi-MG, em Juiz de Fora.

O arqueiro fez sua estreia pelo Atlético no dia 21 de janeiro de 2007, no empate em 1 x 1 contra o Vila Nova, pelo Goianão. No Dragão, Márcio conquistou a Série C 2008, os estaduais 2007, 2010, 2011 e 2014, além de ter sido titular no acesso para a Série A em 2009 e na campanha da Copa do Brasil 2010, quando o clube chegou às semifinais. Aos 35 anos, Márcio tem seu nome marcado como um dos principais jogadores da história do Atlético.

A emoção no adeus

Adson Batista, diretor de futebol do clube, anunciou a saída do atleta. “Venho comunicar que o Márcio, um ídolo, um atleta, que desde a minha chegada no clube, há 11 anos, participou de todas as conquistas, não defende mais o Atlético. É um profissional que dispensa comentários e um atleta que marcou história no clube. A vida é feita de ciclos e todo ciclo tem um fim. Ontem tivemos uma conversa longa e madura e eu senti do atleta que ele não estava mais feliz no clube. A vida é feita de desgastes, até mesmo na família. O Atlético é maior que todos nós e desejo sorte à ele na vida profissional. É um momento de mudança, coisa que acontece no futebol”.

Após o anúncio do dirigente, foi a vez de Márcio falar. “Tudo na vida tem um começo, meio e fim. Nós sabemos disso e, nesses quase 10 anos meus aqui, sempre me dediquei. De tempos em tempos, temos que mudar. As lágrimas são inevitáveis. Aqui no Atlético me tornei não um jogador de futebol de muita capacidade, me tornei um homem. Aprendi a conviver com diferenças, com situações diferentes e tenho muito a agradecer a esse clube e as pessoas que aqui estão, que me fizeram me tornar o que sou hoje, um pai de família, dedicado, um bom marido, um bom amigo. Esses valores a gente leva para o resto da vida e não perde”.

Sem esconder a emoção, o goleiro de 35 anos prosseguiu e esclareceu o motivo de pedir para deixar o clube. “O Atlético abriu as portas quando as portas estavam fechadas para mim no futebol. Como tudo tem um fim, pedi uma conversa com o Adson. Expliquei o sentimento que tenho pelo Atlético, de gratidão, de respeito, e que meu coração não está feliz. Como eu sempre me coloquei a disposição para ajudar, às vezes você ajuda muito quando não atrapalha. Não quero achar que estou atrapalhando o Atlético, por isso, tomei essa decisão”.

“O que motivou foi não estar feliz e isso não quer dizer que seja algo dentro do clube, que está bem estruturado, vive um bom momento, brigando na parte de cima da tabela. É uma questão interna, que talvez eu não saiba explicar com palavras. De coração, meu muito obrigado ao Atlético e ao torcedor”.

Agradecimentos

Márcio enalteceu o trabalho de Adson Batista, diretor de futebol rubro-negro, além de agradecer aos torcedores, companheiros, treinadores e funcionários que passaram pelo clube enquanto ele defendeu o Dragão. “Tenho de agradecer, primeiramente ao clube, muito bem representado pelo Adson. Quando cheguei, nossa sala de musculação era um aparelho enferrujado e hoje está assim”.

“Quero agradecer aos companheiros que aqui tive, que me ajudaram a construir uma história, pois sou só uma peça. Agradecer aos treinadores que tive, que me permitiram jogar e mostrar meu valor, agradecer esses que realmente me fazer sentir querido, como os funcionários do clube, que me trataram da mesma foram que sou tratado em casa”.

“Quero agradecer, em especial, ao torcedor do Atlético, que é exigente, inteligente, sabe o que quer e que ajudou muito nesta caminhada nossa. A grande maioria é feliz hoje por torcer pelo Atlético. Não consegui agradar a todos e nunca tive essa pretensão. Qualquer foto que tenha tirado com um torcedor, tem um sorriso meu. Sempre tratei todos da imprensa da melhor forma possível”.

Direto para o rival?

Como Márcio disputou 6 partidas (o limite são 7 atuações) pelo Dragão na Série B, a transferência para outra equipe da segunda divisão pode acontecer. Com isso, o atleta deve pintar no Goiás na sequência da temporada, como destacou o repórter André Rodrigues. A contratação tem aval de Hailé Pinheiro, presidente do Conselho Deliberativo esmeraldino.

Na sua despedida do Atlético, o goleiro negou que já esteja acertado com o Verdão, ressaltando que, até o momento, não existe nada oficial. Porém, em entrevista à Rádio 730, na “Hora do Esporte”, afirmou que, caso haja acerto, iria fazer o seu melhor para ajudar o Goiás. “Tenho pretensões para minha carreira e espero repetir tudo que repetir tudo que conquistei aqui no meu próximo clube. Tenho certeza que se repetir, terei muito sucesso em outro clube”.